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Criação da Recredit em Angola é positiva mas risco continua elevado, diz Moody's

A agência de notação financeira Moody's considera que a criação de um veículo financeiro em Angola para comprar créditos malparados é positiva para a qualidade dos activos bancários, mas o risco desses activos vai continuar elevado.

1º Luanda (Angola)
13 de Agosto de 2017 às 10:47
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"Estimamos que o risco dos activos se mantenha elevado em Angola devido à redução da despesa pública e aos significativos atrasos nos pagamentos do Estado no seguimento da descida das receitas petrolíferas, a maior fonte de rendimento do Governo", escrevem os analistas da agência de 'rating' Moody's.

 

Numa nota enviada aos investidores sobre a criação de um veículo financeiro para comprar os créditos malparados dos bancos locais, a que a Lusa teve acesso, os analistas lembram que os riscos de desvalorização do kwanza continuam a prejudicar o desempenho dos bancos, cuja exposição a moeda estrangeira vale 30% dos activos.

 

"O risco de uma nova desvalorização da moeda local continua a ameaçar o desempenho dos bancos que emprestaram dinheiro em moeda estrangeira, que representa 30% do total dos empréstimos em Maio", escreve a Moody's.

 

A sociedade anónima de capitais públicos Recredit foi criada em 2016 e é detida a 100% pelo Ministério das Finanças, com o objetivo de absorver o crédito malparado do Banco de Poupança e Crédito (BPC), um dos maiores do país, mas a missão foi alargada por decisão do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em dezembro último, a toda a banca nacional.

 

O Governo angolano anunciou em Julho que vai emitir 790 milhões de euros de dívida pública em moeda nacional para financiar nova compra do crédito malparado na banca, elevando a factura da operação, desde Dezembro último, a mais de 2.000 milhões de euros, já que no final do ano passado já tinha sido feita outra emissão de dívida pública a favor da Recredit, no valor de 231.127 milhões de kwanzas (1.212 milhões de euros), especificamente para comprar crédito malparado no estatal BPC.

 

Apesar destas iniciativas, a Moody's considera que o sector bancário angolano continua a atravessar um momento difícil: "a compra de créditos difíceis pela Recredit vai melhorar o rácio de crédito malparado em todo o sistema, mas a magnitude dos melhoramentos sistémicos vai depender dos recursos e do âmbito das operações", dizem os analistas.

 

Mesmo com estas compras dos activos mais problemáticos, a Moody's considera que "o rácio de crédito mal parado em Angola não vai comparar favoravelmente com o de ouros países da África subsaariana no final da compra dos créditos do BPC".

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