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Banco central de Angola prepara descida da taxa de juro

O banco manteve a taxa de juro de referência nos 20% pelo sexto mês consecutivo na reunião de julho, alicerçado numa recuperação de 22% do kwanza face ao dólar este ano, o que torna a moeda angolana a segunda com melhor desempenho a nível mundial face à moeda dos Estados Unidos da América.

O Banco Nacional de Angola lembra que os cinco maiores controlam 70% do mercado.
DR
29 de Agosto de 2022 às 09:54
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O governador do banco central de Angola, José Lima Massano, pode estar a considerar baixar a taxa de juro de referência, num contexto de abrandamento da inflação depois da valorização do kwanza, noticia a Bloomberg.

Em declarações à agência de informação financeira Bloomberg, o responsável pelo Banco Nacional de Angola disse antever que "as taxas de juro sigam a mesma tendência" de abrandamento da inflação, que tem vindo a registar sucessivas descidas, ainda que mantendo uma taxa elevada, à volta de 20%.

O banco manteve a taxa de juro de referência nos 20% pelo sexto mês consecutivo na reunião de julho, alicerçado numa recuperação de 22% do kwanza face ao dólar este ano, o que torna a moeda angolana a segunda com melhor desempenho a nível mundial face à moeda dos Estados Unidos da América.

O banco central prevê que a inflação abrande para menos de 18% até final do ano, estando nos 21,4% em julho.

Cortar o custo de endividamento vai tornar Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, uma exceção no contexto da política monetária a nível mundial.

O Reino Unido, por exemplo, deverá registar uma inflação superior a 18% pela primeira vez em quase meio século, e Portugal registou mais de 9% em julho, enquanto a Indonésia aumentou inesperadamente a taxa de juro pela primeira vez desde 2018.

Em junho, numa conferência perto de Lisboa, Massano Lima já tinha admitido a vontade de descer a taxa de juro, mas salientou que não havia ainda condições.

"Vamos continuar com uma política monetária restritiva porque apesar de haver registo de um recuo da inflação, ela continua com níveis elevados, a taxa homóloga está acima dos 20%, e há um trabalho que tem de continuar, mas temos de avançar com prudência", disse em junho o governador, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de descer a taxa de referência.

"Temos grande vontade de tornar as condições mais relaxadas, mas temos de fazer este caminho com realismo, a nossa missão primeira é a estabilidade de preços", salientou na altura.

Um processo de transição política tranquilo vai fazer com que os decisores políticos e monetários africanos, como Massano, consigam capitalizar a recuperação económica, que já fez a Standard & Poor's subir o 'rating' de Angola pela primeira vez em quase uma década.

O novo Presidente terá de resolver a questão da dívida, porque apesar de a Fitch Ratings prever que a dívida pública caia de 123,8% do PIB, em 2021, para 56,5% do PIB, este ano, a verdade é que as amortizações da dívida externa vão custar 5,5 mil milhões de dólares (sensivelmente o mesmo em euros) por ano a Angola até 2025.

Só a China é credora de quase 20 mil milhões de dólares, mesmo com a reestruturação de dívida feita nos últimos anos com as entidades financeiras chinesas.

Este é o segundo mandato de Lima Massano, um banqueiro educado no Reino Unido que tem recolhido louros pela estabilização da taxa de câmbio, ao permitir que a moeda local transacione livremente com outras moedas, o abrandamento da inflação e melhorias na reputação do setor financeiro de Angola depois de uma série de reformas feitas em acordo com o Fundo Monetário Internacional.
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