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Angola poderá ter mais subidas de rating até meados de 2023, diz Oxford Economics

A consultora Oxford Economics Africa considerou esta terça-feira que Angola poderá beneficiar de mais melhorias na avaliação do crédito soberano pelas agências de 'rating', mas alertou para a necessidade de controlar a despesa em ano eleitoral.

Bloomberg
25 de Janeiro de 2022 às 17:17
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"Desde que os preços do petróleo permaneçam estáveis e o governo continue com uma despesa orçamental prudente, antecipamos que Angola pode ter mais subidas no 'rating' nos próximos 12 a 18 meses dadas as nossas previsões de uma subida da produção de petróleo e aumento do crescimento económico neste período", lê-se num comentário dos analistas.

A análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, surge poucos dias depois de a Fitch Ratings ter subido a avaliação sobre a qualidade do crédito de Angola em dois níveis, de CCC para B-.

"Um risco relativo a esta nossa previsão de melhores métricas orçamentais a curto prazo é se o crescente descontentamento com o atual Governo e a conclusão do programa com o Fundo Monetário Internacional levarem a uma despesa pública excessiva nas vésperas das eleições deste ano", alertam os analistas da Oxford Economics Africa.

As receitas do petróleo subiram significativamente desde o início de 2021, "melhorando dramaticamente a posição orçamental de Angola", lembram os analistas, vincando que apesar da queda na produção, a subida dos preços levou a que a receita subisse mais de 60% no ano passado, fazendo o saldo orçamental passar de um défice de 1,7% em 2020 para um excedente de 2,9% no ano passado.

"Para além da recuperação nas receitas petrolíferas, as três maiores agências de 'rating' também ficaram impressionadas com os fortes esforços de consolidação orçamental e com a liberalização da moeda ao abrigo do programa com o FMI, que terminou no ano passado", concluem os analistas.

A agência de notação financeira Fitch Ratings melhorou na sexta-feira o 'rating' de Angola para B-, com uma perspetiva de evolução estável, antevendo um expansão económica de 2,1% para este ano, depois de crescer 0,1% em 2021.

"Houve uma melhoria substancial nas métricas externa e orçamental, sustentadas por um regresso ao crescimento económico positivo, boa gestão fiscal e preços do petróleo mais elevado", escrevem os analistas desta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions.

"Os preços do petróleo recuperaram significativamente desde o início da pandemia de covid-19 e a probabilidade de cenários negativos relacionados com os mercados petrolíferos caiu relativamente a setembro de 2020, quando descemos o rating para CCC, ou relativamente a setembro de 2021, quando mantivemos o rating em CCC", argumenta a Fitch Ratings.

De acordo com os cálculos destes analistas, o rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter caído para 78,5% no final de 2021, o que representa, admitem, "uma melhoria significativa face à previsão de 126,9% feita em setembro de 2020 e bem abaixo dos 123,8% do PIB em 2020".

O rácio da dívida face ao PIB, um dos indicadores mais seguidos pelos investidores internacionais para aferir a capacidade de o país honrar os compromissos financeiros, deverá descer ainda mais, para 74,8% do PIB em 2022 e 73% do PIB no próximo ano, "em resultado do aumento nominal do PIB (que subiu 32,4% em 2021, parcialmente refletindo os preços do petróleo), uma estabilização do kwanza, com a depreciação anterior a ser uma importante razão para o aumento da dívida nos anos anteriores, devido à dívida em moeda estrangeira valer 70% do total, e um empenho contínuo na consolidação orçamental.

Apesar da forte redução no rácio da dívida, Angola continua acima dos países que a Fitch classifica como estando na escala B de investimento, que têm uma média de 68% do PIB, alertam ainda os analistas na nota, que conclui que a despesa vai continuar relativamente estável face ao PIB, apesar de o Governo ir "evitar mais consolidação orçamental em vésperas das eleições de 2022".

O rating de B-, que representa uma subida de dois níveis face ao CCC anteriormente atribuído pela Fitch Ratings, significa que os analistas consideram que apesar de o crédito ser altamente especulativo, o país tem capacidade de cumprir os compromissos financeiros, e está a cinco níveis do grau de investimento (a partir de BBB-).


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