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Elina Fraga: Impera "uma cultura de diálogo e de liberdade"
A bastonária da Ordem dos Advogados inaugurou os discursos de abertura solene do ano judicial com elogios a Marcelo Rebelo de Sousa e à ministra da Justiça. Deixou recados à magistratura e pediu mais meios para os tribunais.
Numa cerimónia tradicionalmente pontuada por críticas dos vários actores judiciais, Elina Fraga inaugurou os discursos da cerimónia deste ano de abertura solene do ano judicial com elogios à ministra da Justiça e ao Presidente da República. Salientando que "se quebrou o muro das conveniências e dos sondáveis sentidos de oportunidade do passado recente", a bastonária afirmou que impera hoje "uma cultura de diálogo e de liberdade, que revigora a nossa democracia e robustece a nossa justiça".
A abertura solene do ano judicial, que decorre esta quinta-feira, 1 de Setembro em Lisboa, reúne no salão nobre do Supremo Tribunal de Justiça advogados, magistrados judiciais e do Ministério Público, ministra da Justiça e Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa, estreante na cerimónia, ouviu os primeiros elogios, com Elina Fraga a salientar que "à desumanização crescente e à indiferença social", tem o Presidente da República "respondido com palavras, mas sobretudo com actos", que "revelam humanidade, num tempo em que vivemos esmagados pelos números; actos que revelam humildade, num tempo em que impera a arrogância; actos que revelam sentido de responsabilidade, num tempo em que proliferam os arautos da desgraça".
"Novos tempos se iniciaram", afirmou a bastonária, sublinhando a influência de Marcelo para isso e as "novas formas de pensar, de viver e de sentir a democracia".
São "novos ventos que nos devolvem a confiança nas instituições, restauram a nossa fé e a nossa esperança num futuro melhor", declarou.
Também para a ministra da Justiça o tom foi elogioso. A bastonária da Ordem dos Advogados, sempre muito crítica com o Governo, quis assinalar também o que diz ter sido um "contributo determinante" de Francisca Van Dunem para que os advogados passassem a "acreditar".
E elogiou o facto de a ministra – tal como Marcelo, também estreante nestas cerimónias – não ter começado "como tantas vezes começam os ministros, por rasgar todas as reformas e romper com todas as políticas, numa tentativa desesperada de inscrever o nome na história da Justiça". Uma crítica à anterior ministra, Paula Teixeira da Cruz, que Elina Fraga sempre acusou de legislar demais e sem ponderação. Já Van Dunem, disse, "não legislou a metro nem ao quilo".
"Acredito na sua vontade férrea de mudar, de reforçar a nossa democracia e, por consequência, os nossos tribunais", disse, dirigindo-se directamente à ministra.
Depois, a bastonária passou ao ataque, para lembrar os "constrangimentos" que os advogados enfrentam todos os dias, "inflingidos por uns tantos, alguns magistrados, que renegam pertencer à família judiciária, para se integrarem" naquilo a que chamou a "máquina judiciária". Uma máquina que, sublinhou, "despreza as garantias fazendo-as coincidir com expedientes" e que "vê no advogado um obstáculo à realização da justiça".
"Nós não queremos autómatos, queremos juízes, procuradores e advogados, frisou.
(Notícia actualizada às 14:00 com mais informação )