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AIMinho faliu com dívidas de 12 milhões, PJ de Braga vai dentro por 2,5 milhões
O Ministério da Justiça adquiriu a antiga sede da falida associação empresarial, onde vai instalar o Departamento de Investigação Criminal de Braga da Polícia Judiciária.
A Associação Industrial do Minho (AIMinho), que foi uma das maiores organizações patronais do país, faliu em março de 2017 com uma dívida de 12,3 milhões de euros, com o credor hipotecário Caixa Geral de Depósitos (CGD) a reclamar seis milhões e o Novo Banco 5,6 milhões de euros.
A AIMinho ainda chegou a apresentar um Processo Especial de Revitalização (PER), propondo um perdão de 80% dos créditos comuns, mas o plano foi rejeitado pela CGD, tendo contado com a abstenção do Novo Banco. Acabou por cair na insolvência, tendo seguido para liquidação.
Só agora, três anos depois de ter sido decretada a liquidação da associação, é que a massa falida vendeu o principal ativo da AIMInho - a sua sede, em Braga.
O Ministério da Justiça adquiriu as antigas instalações centrais da associação empresarial, onde vai instalar o Departamento de Investigação Criminal de Braga da Polícia Judiciária (PJ).
Trata-se da concretização da "satisfação de uma necessidade há muito tempo sinalizada e que a breve trecho permitirá a instalação dos recursos humanos e materiais daquele departamento da PJ", num "investimento de 2,5 milhões de euros", lê-se na nota publicada pela PJ na sua página na internet.
"Com uma área total de 5.991 metros quadrados, vai permitir a instalação plena do Departamento de Investigação Criminal de Braga, da Polícia Judiciária, bem como o desenvolvimento de meios e capacidades de resposta, no âmbito das respetivas competências, ao serviço da justiça", enfatiza a mesma entidade.
Recorde-se, entretanto, que o julgamento do megaprocesso que envolve a extinta AIMinho numa fraude de quase 10 milhões de euros vai decorrer em Braga.
Os 120 arguidos vão responder por associação criminosa, por fraude na obtenção de subsídios, por burla qualificada, por branqueamento, por falsificação e por fraude fiscal qualificada, remontando os factos ao período entre 2008 e 2013.
O principal arguido é António Marques, que presidiu à AIMinho até à liquidação da associação, decretada em setembro de 2018 pelo Tribunal de Vila Nova de Famalicão.
António Marques é acusado de um crime de associação criminosa, de 26 crimes de fraude na obtenção de subsídio, de 13 crimes de branqueamento, de 13 crimes de uso de documento falso, de dois crimes de burla qualificada, de 19 crimes de fraude fiscal qualificada e de um crime de falsificação de documento.