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PS acusa primeiro-ministro de pré-anunciar um aumento de impostos
O deputado socialista Vieira da Silva afirmou que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, admitiu na entrevista à RTP aumentar impostos e acusou-o de "encomendar conclusões" para a comissão de inquérito ao BES.
Sobre o que Passos Coelho disse a propósito da detenção de José Sócrates, Vieira da Silva respondeu: "Não quero fazer muitos comentários. O primeiro-ministro falou abundantemente da luta contra a corrupção. O PS está profundamente empenhado nessa luta, sempre no respeito pelos princípios constitucionais".
"Se, como tudo indica e todos os observadores e indicadores internacionais indicam, vier a falhar a meta do défice para 2015, o primeiro-ministro anunciou que está disponível para aumentar os impostos", salientou, por outro lado, Vieira da Silva.
Reagindo à entrevista do primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas, no parlamento, o deputado socialista acusou também Passos Coelho de estar a "encomendar as conclusões da comissão de inquérito" ao BES.
"Remeteu o trabalho da comissão parlamentar de inquérito quase para uma inexistência. Já sabe quem são os responsáveis, quem não são os responsáveis, já sabe tudo sobre o que se passou no BES, o que para os portugueses levanta as maiores dúvidas", afirmou sobre a forma como o primeiro-ministro se referiu às questões relacionadas com o BES.
Sobre um eventual compromisso com os socialistas, referido pelo primeiro-ministro, Vieira da Silva disse que Passos "está um pouco atrasado relativamente à história".
"O senhor primeiro-ministro quando decidiu cortar salários e pensões não fez nenhum apelo ao PS. Quando decidiu que poderia haver um enorme aumento de impostos também o fez sozinho, e na fase final da legislatura, quando se aproximam eleições, pretende que o PS dê o aval às políticas seguidas ao longo destes três anos", declarou.
Para o PS, Passos "pouco ou nada disse acerca de questões fundamentais" e "demonstrou que conhece mal a situação do emprego e desemprego". "Se tudo correr bem, no final de 2015, o emprego estará ao nível de 1995", afirmou, acusando o chefe de Governo de não ter mostrado o caminho para ultrapassar esta situação, considerando a política de emprego um "fracasso", que tem "uma imagem nos cerca de 400 mil portugueses que tiveram de emigrar".
De acordo com Vieira da Silva, a entrevista serviu também para confirmar "que este é um Governo que se demite de agir em questões fundamentais da economia e da sociedade portuguesa". "Face à crise de uma das maiores empresas portuguesas, o Governo nada tem a dizer. Face à crise de um dos maiores grupos financeiros portuguesas e das empresas deles associadas, o primeiro-ministro diz que é um problema do sector privado", criticou.