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Lisboa exige maior esforço para o arrendamento do que Barcelona e Berlim
Uma jovem família com um filho a viver na capital portuguesa tem uma taxa de esforço de 58%, dobrando o valor de referência e superando as cidades espanhola e alemã, que enfrentam também problemas de acesso à habitação.
Para um casal com um menor dependente, que resida num T2 de 95 metros quadrados em Lisboa, a taxa de esforço resultante do cruzamento dos valores das rendas e dos rendimentos ronda os 58%, muita acima da "referência" de 30% e dos 40% e 45% em Berlim e Barcelona, respetivamente.
Os cálculos foram realizados por um grupo de investigação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), a pedido do Público, concluindo que, para um jovem casal, a realidade na capital portuguesa é "muito mais grave" do que a verificada na congénere alemã e na cidade espanhola.
Esta disparidade "prova que num contexto onde os preços são locais e o mercado é global, podem existir atores automaticamente excluídos da dita concorrência". As palavras são de Aitor Vareo Oro, que integra esta equipa de investigadores, frisando que "o mais grave é o caso português, já que nas outras duas cidades é mais comum que mais trabalhadores se afastem, e por uma maior margem, do ordenado mínimo".
No cenário desenhado para esta análise, os rendimentos medianos do agregado português ascendem a 1.563 euros, enquanto o valor mediano pedido mensalmente em Lisboa por um apartamento com esta tipologia e dimensão ronda os 916 euros.
Com o objetivo de pôr um teto no mercado de arrendamento em Berlim, os legisladores da cidade alemã aprovaram a 30 de janeiro uma medida que vai congelar o valor das rendas durante cinco anos. Deve concretizar-se já a partir de fevereiro, embora a oposição tenha ameaçado recorrer à justiça para travar a iniciativa.