Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Histórias e imagens de 10 anos de entrega do Orçamento

Um Orçamento entregue sem todos os documentos, uma greve dos funcionários em cima da finalização da proposta e reuniões ministeriais que duraram mais de 30 horas. Uma viagem pelas peripécias, protagonistas e declarações que marcaram a entrega dos OE.

OE 2016: Um orçamento diferente

É a estreia de Mário Centeno. Depois de um intenso braço-de-ferro com Bruxelas, que obriga o Governo a lançar mão de novas medidas para baixar mais o défice, o ministro entrega a 5 de Fevereiro a proposta com o OE 2016 a Ferro Rodrigues. A já tradicional "pen" vem num envelope branco, decorado com a Torre de Belém.

Já na conferência de apresentação, no Terreiro do Paço, Centeno agradeceu o empenho dos serviços do Ministério das Finanças. Quem ganhou o braço-de-ferro? "Num acordo só há vencedores", diz o ministro. E com novos aumentos de impostos não é a mesma austeridade? Não, disse Mário Centeno, este é "um orçamento diferente. Mostra que há alternativa". Outra diferença: desta vez um Governo PS entregou o Orçamento a tempo e horas. Passavam alguns minutos das 16:00.

OE 2015: O primeiro Orçamento do pós-troika

Maria Luís Albuquerque leva na mão o primeiro Orçamento da era pós-troika, acompanhada da sua equipa de secretários de Estado. A proposta para 2015 marca uma inversão no ciclo da austeridade, reduzindo-lhe ligeiramente a dose. Em ano de eleições, dá-se a primeira reposição de salários na Função Pública, a retirada de alguns cortes nas pensões e o IRS é mais favorável para famílias com filhos. A proposta é entregue a 15 de Outubro de 2014, pelas 16:00.

 

OE2014: A estreia de Maria Luís Albuquerque

A entrega do Orçamento tem novo protagonista, Maria Luís Albuquerque, sucessora de Vítor Gaspar nas Finanças. Chegou a temer-se um atraso na entrega do documento. É que nos dias anteriores houve uma greve de três dias dos trabalhadores da Direcção Geral do Orçamento. Depois de pôr a "pen" nas mãos de Assunção Esteves, no dia 15 de Outubro de 2013, a ministra falou de uma proposta "exigente e dura". Nos zeros e uns do ficheiro informático vêm mais cortes nas pensões e salários.

 

OE2013: O Orçamento do "enorme aumento de impostos"

Vítor Gaspar chegou ao Parlamento pouco depois das 17:00 do dia 15 de Outubro de 2012, acompanhado do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e da sua equipa de secretários de Estado. Nem uma maratona de reuniões do conselho de ministros para encontrar cortes na despesa, que demorou mais de 30 horas, foi capaz de evitar o maior aumento da carga fiscal da democracia. Seria para ambos a última entrega do Orçamento.

                                         

OE2012: As olheiras de Vítor Gaspar

Novo Governo, novo protagonista. Vítor Gaspar entrega a Assunção Esteves o primeiro Orçamento da era da troika a 17 de Outubro de 2011, um dos "mais exigentes de sempre". As olheiras profundas e o discurso pausado, imagens do ministro, revelavam-se ainda mais marcadas, atestando o esforço.

Na apresentação, Vitor Gaspar fez questão de começar por um agradecimento aos funcionários do ministério, elogiando a dedicação e profissionalismo. Falou num Orçamento de "viragem". E foi-o, pelo menos na pontualidade com que foi entregue, em contraste com os anos anteriores. Para os contribuintes foi uma viragem para cortes nos salários da função pública e mais impostos para as famílias.

 

OE2011: Um Orçamento fora de horas

Jaime Gama recebeu de Teixeira dos Santos a proposta de Orçamento do Estado para 2011 eram já 23:30 do dia 15 de Outubro de 2010. E a "pen" não continha todos os documentos. Faltava o relatório com o cenário macroeconómico, que só chegaria no dia seguinte. Já sob pressão dos mercados, com os juros da dívida em alta, o ministro apresenta um OE de austeridade, com corte de salários na função pública e agravamento de impostos, nomeadamente do IVA, que volta aos 23%.

"É preciso ultrapassar esta situação e para isso é preciso ter um Orçamento e este é o Orçamento de que o país precisa", disse Teixeira dos Santos. Cinco meses depois forçou o primeiro-ministro, José Sócrates, a pedir assistência financeira.

 

OE2010: Relançar a economia

O ano anterior tinha sido de eleições, em Outubro, pelo que o Orçamento do Estado de 2010 foi entregue já com o ano em andamento. Teixeira dos Santos passou a proposta a Jaime Gama no dia 26 de Janeiro de 2010, já passava das 22:00. Ainda a sofrer os efeitos da recessão global, o segundo Governo Sócrates aposta num OE focado no relançamento da economia. O défice orçamental previsto era de 8,3% do PIB. Acabou por ser 11,2%.

 

OE2009: "Até o Magalhães o abria"

O Orçamento entra no Parlamento três horas e meia depois da hora marcada, no dia 14 de Outubro de 2008. Teixeira dos Santos justifica o atraso: "Tivemos um problema operacional que afectou a finalização do Orçamento". Jaime Gama recebe a proposta do OE numa "pen", e abre o ficheiro num portátil. O ministro graceja: "até o [computador] Magalhães o abria".

Teixeira dos Santos entrega um Orçamento expansionista que prevê um aumento de 2,9% no salário dos funcionários públicos, uma descida do IVA para 21% e mais deduções em IRS. No ano seguinte há legislativas. Às críticas de eleitoralismo, Teixeira dos Santos responde que "o calendário das medidas tem a ver com os resultados orçamentais conseguidos". A previsão para o défice de 2009 era de 2,2% do PIB. Castigada pela recessão global, a execução orçamental derrapou. O saldo foi de -9,8%.

 

OE2008: O desafio de Teixeira dos Santos

Teixeira dos Santos entrega a proposta de Orçamento a Jaime Gama e sai do Parlamento sem prestar declarações. Com a crise financeira já a fazer-se sentir, a consolidação orçamental é a pedra de toque do documento entregue a 12 de Outubro de 2007.

O objectivo é baixar o défice para 2,4%, mas o Governo é menos corajoso na redução da despesa pública. O elevado desvio face ao projectado no ano anterior terá justificado a menor ambição. Confrontado pelos jornalistas na conferência de imprensa, o ministro levantou a voz: "Desafio qualquer um a mostrar uma consolidação desta magnitude neste contexto económico." O ano de 2008 terminou com um saldo orçamental negativo de 3,8%.

 

OE2007: O Orçamento da Reforma do Estado

Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, e Augusto Santos Silva, então ministro dos Assuntos Parlamentares, entregam o Orçamento a Jaime Gama, cerca das 17:15 do dia 16 de Outubro de 2006. O equilíbrio das contas públicas é a prioridade, e o Governo promete fazê-lo apenas pelo lado da despesa pública.

Avança o regime de mobilidade, baixa a comparticipação de medicamentos, há cortes nas transferências para as autarquias e aumentam os descontos para a CGA. É também lançado o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE). "2007 será o ano da grande reestruturação da Administração Pública", disse Teixeira dos Santos em entrevista ao Negócios. Muita coisa mudou, mas a despesa com pessoal não desceu. Ainda assim, o défice de 2007 ficaria em 3% do PIB, o mais baixo desde então.

 

Ver comentários
Saber mais Mário Centeno Bruxelas Governo Ferro Rodrigues Ministério das Finanças Governo PS Maria Luís Albuquerque Função Pública Vítor Gaspar Direcção Geral do Orçamento Assunção Esteves Miguel Relvas Vitor Gaspar Assunção Esteves Jaime Gama Teixeira dos Santos Orçamento do Estado José Sócrates política
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio