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Patrões recusam austeridade. Reequilibrar as contas não é a prioridade, dizem
O Conselho Nacional das Confederações Patronais pede ao Governo que aprove um Orçamento do Estado para 2022 cuja preocupação central não seja o reequilíbrio das contas públicas. É preciso mais despesa estrutural e mais investimento, defendem os patrões.
"O necessário esforço de reequilíbrio das contas públicas não pode constituir-se, na situação presente, na primeira prioridade da política orçamental" – quem o diz é o Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP), num documento apresentado esta quarta-feira, com propostas para o Orçamento do Estado para 2022. Apesar de reconhecerem o nível elevado de dívida pública, os patrões pedem ao Governo que não aprove um Orçamento de austeridade.
"Sendo necessário controlar o atual nível da dívida pública, não estamos certamente em condições de suportar orçamentos austeritários ou marcadamente contra-cíclicos", lê-se no documento, que reúne propostas orçamentais conjuntas da CAP, CCP, CIP, CPCI e CTP.
"As políticas anunciadas, quer por parte do BCE, quer das restantes instâncias com poder de decisão na União Europeia, dão-nos suficientes garantias de estabilidade e continuidade das mesmas", frisam, lembrando ainda a política de troca de dívida que tem vindo a ser levada a cabo pelo IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.
Por isso, a aposta tem de ser "focada no investimento e no reforço do nosso PIB pontencial", pedem, até porque "é previsível que muitas pequenas e médias empresas venham a abrir falência e a encerrar em consequência da redução da atividade económica", assumem os patrões.
Assim, e para ajudar a economia a corrigir a divergência com os parceiros da União Europeia, defendem que é preciso "conjugar um efetivo controle da despesa, em que a despesa estrutural e de investimento deve prevalecer sobre a restante, com uma política fiscal amiga do crescimento e do desempenho do tecido produtivo nacional." Na prática, os patrões pedem várias descidas de impostos, apoios à capitalização e ajudas à tesouraria das empresas.
Lembram ainda que o estado social só é possível com uma "economia em crescimento e tendo como espaço privilegiado de política a concertação social" e apelam ao compromisso que tinha sido assumido pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, antes da crise pandémica, de dar prioridade ao crescimento no seu mandato.
No Programa de Estabilidade para 2021-2025, o Ministério das Finanças comprometeu-se com um défice orçamental de 3,2% já no próximo ano, um valor que fica já muito próximo do referencial de 3% do PIB inscrito nas regras orçamentais da União Europeia, mas que ainda não terá de ser respeitado.
(Notícia atualizada às 12:30 com mais informação)