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Bruxelas: Governo arrisca falhar objectivo de défice estrutural
Na sexta avaliação pós-programa, a Comissão Europeia e o BCE sublinham os progressos conseguidos nos últimos meses na economia, mas deixam avisos sobre a sustentabilidade da situação orçamental.
As autoridades comunitárias pedem assim que o Governo português tome as medidas necessárias para garantir que o aumento dos gastos será contido e que a margem acrescida providenciada por um crescimento económico mais robusto seja usada "para acelerar a redução do défice e da dívida [pública]". Uma recomendação que já tinha feito a Portugal. O facto de Portugal uma dívida muito elevada - 130% do PIB - é também motivo para desenhar "uma clara estratégia de consolidação a médio prazo com base na despesa", nomeadamente através da revisão da mesma.
Statement from @EU_Commission & @ecb staff following 6th Post-Programme Surveillance mission to #Portugal ??https://t.co/kU5rqC9CeC
— EU Economy&Finance (@ecfin) 5 de julho de 2017
No entanto, o tom do relatório não é especialmente crítico para o Executivo português, notando as melhorias alcançadas na actividade económica ao longo dos últimos meses. "Em comparação com a última missão, a situação económica e financeira de Portugal, a curto prazo, melhorou. A recuperação continuou a intensificar-se e foram realizados progressos importantes na resposta aos riscos a curto prazo. De um modo geral, o ajustamento económico de Portugal, assente também no programa de ajustamento macroeconómico, tem sido louvável."
A Comissão e o BCE explicam que a economia portuguesa "cresceu de forma acentuada" no arranque deste ano, prevendo-se "um fortalecimento ao longo de 2017. "Os indicadores indirectos continuam a ganhar força e o investimento das empresas começou recentemente a contribuir para a recuperação", escrevem os técnicos, que estiveram em Portugal entre 26 de Junho e 4 de Julho, notando que a economia está a ser empurrada pela dinâmica das exportações - especialmente o turismo - mas também pela recuperação da construção.
No mercado de trabalho, os desenvolvimentos são especialmente positivos. Não só o desemprego desce, com o emprego aumenta, especialmente entre os contratos sem termo. O comunicado lembra que, entre outros factores, estes avanços foram possíveis devido ao "êxito das reformas aplicadas pelas autoridades portuguesas, há alguns anos". A Comissão e o BCE pedem medidas para atenuar a segmentação do mercado de trabalho, mais incentivos à celebração de contratos sem termo e cautela nas subidas do salários mínimo.
Na vertente económica são também deixados alertas: "espera-se que o ritmo de crescimento deverá abrandar à medida que os "ventos favoráveis" vão gradualmente esvanecendo". Para que o ímpeto não desapareça será necessário "levar adiante e concretizar esforços de reformas presentes e passadas".