Notícia
Troika saiu de Lisboa sem provas de que metas serão cumpridas
Pressão externa aumenta numa altura em que Bruxelas avalia se impõe sanções a Portugal. Credores externos não estão convencidos que Governo cumpra meta do défice.
A Comissão Europeia decide esta terça-feira se Portugal merece a aplicação de sanções numa altura em que o país está sujeito a pressões externas. Os credores internacionais estiveram recentemente em Lisboa a avaliar a economia nacional e não ficaram convencidos que o Governo liderado por António Costa esteja a fazer esforços para evitar que os riscos existentes para a segunda metade do ano se materializem.
É neste contexto, e depois das equipas técnicas da troika terem estado no terreno a ver as contas públicas, que devem ser entendidas as declarações do responsável máximo do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Numa entrevista ao semanário alemão WirtschaftsWoche, Regling diz que "independentemente do Brexit", o "único país" com que está "preocupado é Portugal". "Os políticos portugueses subiram outra vez o salário mínimo e os salários na Função Pública" e "voltaram a reduzir o horário de trabalho", justifica o director-geral da instituição a quem Portugal mais deve. Adicionalmente, uma nova intervenção na banca, com a recapitalização da CGD, também poderá fazer descarrilar a execução orçamental deste ano (embora o Governo defenda que essa injecção de dinheiro não aumenta o défice, só a dívida). "Pode haver novos riscos orçamentais se o Governo resolver os problemas no sector bancário com apoio público", nota.
A dúvida de Regling acontece apesar dos dados da execução orçamental mais recentes apontarem para trajectórias positivas. Mas nem este responsável, nem a Comissão, o BCE e o FMI acreditam que o Governo consiga cumprir as metas traçadas para este ano, ao não acautelar um plano B para enfrentar os riscos que os credores internacionais vêem no horizonte próximo. O Governo mantém a promessa de um défice de 2,2%, mas a troika aponta para um valor em torno dos 3%.
O grau de desconfiança subiu de tom na semana passada quando o ministro alemão das Finanças disse que Portugal poderá precisar de um novo resgate se não respeitar as regras europeias.
A pressão externa - que volta a colocar Portugal debaixo holofotes dos internacionais - acontece mesmo em cima da decisão da Comissão Europeia, marcada para esta terça-feira.