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Schäuble: "A mudança tem ser feita na Grécia"

No final do encontro com Varoufakis, o ministro alemão das Finanças afirmou que as mudanças mais relevantes têm de ser feitas dentro da própria Grécia, não pelo resto da Europa, e que o novo Governo em Atenas não pode fazer promessas que têm de ser cumpridas por outros. Em suma, "concordámos em discordar". Na resposta, Varoukafis disse que "nem sequer concordámos em discordar".

Reuters
05 de Fevereiro de 2015 às 14:18
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Wolfgang Schäuble, o ministro alemão das Finanças, advertiu o seu colega grego, Yanis Varoufakis, que o essencial da mudança radical defendida pelonovo Executivo de Alexis Tsipras tem ser feita na e pela própria Grécia, designadamente na luta contra a evasão fiscal, e que a flexibilidade dos mecanismos de apoio europeus estão a chegar ao limite.

 

Falando em Berlim ao lado do seu homólogo, após uma reunião de quase duas horas em Berlim, Schäuble disse acreditar na possibilidade de uma solução europeia, que consolide a pertença da Grécia ao euro e à União Europeia, mas - sublinhou - respeitar a democracia significa também que o novo Governo de Atenas não pode fazer promessas que têm de ser cumpridas por outros. "Respeitamos integralmente o mandato dado pelo povo grego, mas o respeito pela democracia tem dois sentidos".

 

Numa referência a novos mecanismos de alívio da dívida, Schäuble afirmou que a Zona Euro já "chegou o mais longe que nos era possível. (...) Só podemos ajudar pessoas a ajudarem-se a si mesmas". Os problemas da Grécia, acrescentou, "não vieram da Alemanha".

 

Sobre "a difícil questão" de saber como é que a Grécia pode aceder ao financiamento pelos mercados sem um programa de assistência internacional na rectaguarda "não tivemos acordo". Sobre isso, "concordámos em discordar", afirmou Schäuble. Na resposta, Varoufakis afirmou que essa questão não estava sobre a mesa, pelo que "nem sequer concordámos em discordar". Varoufakis afirmou que não foi discutido o calendário de reembolsos da dívida nem a possibilidade de um corte no seu valor, mas antes a proposta de Atenas sobre um "programa-ponte" para durar até Maio.

 

Antes, Varoufakis dissera acreditar ser possível chegar a um acordo com os integrantes da troika (Comissão Europeia, BCE e FMI) que permita prolongar, de alguma forma, o actual programa de assistência ao país, que termina no fim deste mês. Esse prolongamento, por seu turno, permitiria ao Banco Central Europeu (BCE) fazer marcha atrás na decisão, ontem anunciada, e voltar a aceitar obrigações gregas, ainda classificadas por todas as agências de "rating" como lixo, como colateral nas operações de financiamento aos bancos. Mas o ministro grego insistiu na necessidade de rever toda a lógica do programa, argumentando que os em curso falharam ao não atacar a corrupção e quem se apropia de rendas excessivas pagas pelo Estado.

 

Interpelado por um jornalista grego, segundo qual a esmagadora maioria de casos de corrupção na Grécia têm por detrás uma empresa alemã, tendo citado a Siemens, Schäuble respondeu que "normalmente não falo muito corrupção porque isso pode ser entendido como estando a dizer mal de outros países". "Mas já que o meu colega falou disso, digo-lhe que também há evasão fiscal e corrupção na Alemanha e não acho que haja uma especial predisposição para isso num país ou noutro". O fundamental, frisou, é que cada Estado cumpra o seu papel" nesse combate. "Cada um deve limpar o passeio à frente da sua casa para que a cidade fique limpa", afirmou, usando um ditado alemão.

 

O ministro grego, por seu turno, lembrou que há fenómenos de evasão fiscal que exigem cooperação transnacional, referindo os preços de transferência usados por empresas multinacionais para consolidar os seus resultados.

 

 

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