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Rui Rio: Economia portuguesa teve uma "performance verdadeiramente miserável" no século XXI   

O ex-presidente da Câmara do Porto criticou a falta de poupança e o "desprezo pelo endividamento externo" a partir do ano 2000. 

24 de Janeiro de 2017 às 16:51
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Rui Rio fez uma análise da evolução da economia nacional desde os anos 60 e chegou à conclusão que foi "miserável". O antigo presidente da Câmara do Porto, que falou numa conferência sobre o Orçamento do Estado em 2017, organizada pela EY e pelo Jornal Económico, recordou os dados de poupança, que chegou a atingir os 22% antes do 25 de Abril e agora é muito baixa. Considerando o endividamento externo, salientou que "não deve haver no mundo performance tão má, é uma performance verdadeiramente miserável da economia portuguesa no século XXI". 

Rui Rio, que somou o défice do Estado, famílias, empresas e da Segurança Social e chegou a um total de 500% do PIB, lamentou que depois de o país aderir à moeda única tenha entrado "em nós um discurso de desprezo de endividamento externo" que gerou consequências difíceis. 

 

O político não tem dúvidas: "temos que eliminar o défice público e o externo. E o crescimento tem que ser pelas exportações e investimento e temos que olhar para a poupança. É preciso ter medidas de carinho da poupança, nas famílias e empresas", salientou. "Este Orçamento em parte aceita a prioridade do investimento e exportações em vez do consumo, mas não podem vir dizer isso cá para fora, por causa do PCP e do Bloco de Esquerda. E promove muito pouco a poupança. Baseia-se na ideia de que quem poupa é rico e quem se endivida é pobre e eu não acho que seja assim". 

 

Sobre a banca, Rio referiu que a discussão tem sido centrada apenas na forma como o contribuinte é afectado. "O que temos que ver é aquilo que a médio a longo prazo melhor interessar ao interesse nacional", referiu. 

 

Antes de Rui Rio, o ministro da Economia, Caldeira Cabral, salientou que "estamos num bom momento para investir. Este orçamento prevê uma retoma do investimento público e num momento em que há sinais claros de que o investimento privado vai voltar a crescer. Vem numa altura em que a confiança na economia está a crescer". O governante deu ainda conta de um ambiente mais favorável em torno de Portugal em Davos, ao contrário do que acontecia em anos anteriores.  

 

Nuno Melo, deputado europeu do CDS deixou várias críticas ao Executivo. "Este Governo agora não paga a quem se endivida [falando da dívida do Sistema Nacional de Saúde], não há rigor nas finanças públicas com base no calote. É muito perverso para quem investe", garantiu. O deputado lamentou ainda que "o virar da página da austeridade seja o brutal aumento dos impostos indirectos: combustíveis, rendas, transportes públicos". Para Nuno Melo, os "resultados são muito poucochinhos".

 

Paulo Nunes de Almeida, presidente da AEP, alertou o Governo que diz ter "atirado para as empresas a responsabilidade de investir e crescer". O líder associativo disse que "não conhece nenhum empresário que invista por razões patrióticas e sim quando sentem que há um mercado é uma procura que obriga a investir", referiu. 

 

Os empresários acreditam que "o modelo seguido nos últimos anos conduziu a uma situação muito difícil de mudar. Mas temos que mudar. O Estado não se reestruturou, ao contrário das instituições e empresas e estas fazem-no com o olho no mercado. No Estado, o mercado são os contribuintes e se olharmos para a evolução da carga fiscal o que aconteceu foi o aumento cada vez mais dos impostos", segundo Nunes de Almeida. 

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