Notícia
Pobreza volta a baixar, mas continua acima dos níveis pré-troika
Em 2016, 18,3% da população estava em risco de pobreza, a viver com menos do que 454 euros por mês. São menos 0,7 pontos do que um ano antes, mas ainda acima dos níveis registados antes do plano de assistência financeira. Entre os desempregados, a situação continua a agravar-se.
A percentagem de população pobre em Portugal continua a baixar, acompanhando a melhoria das condições económicas. Em 2016, as crianças e jovens e os idosos foram os dois grupos que assistiram a um alívio da sua privação monetária, mas, em contrapartida, as condições de vida complicam-se para os desempregados.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2016, 18,3% da população vivia com menos do que 454 euros por mês e caía na definição de pobreza, um patamar que traduz uma redução de 0,7 pontos percentuais face a 2015. Estes números espelham um novo alívio do risco de pobreza pelo segundo ano consecutivo, mas ainda não recuperaram para os níveis anteriores aos do plano de ajustamento financeiro.
2013 foi o ano onde o risco de pobreza disparou para níveis de recorde. No meio da crise financeira, com diversas prestações a serem cortadas, Portugal voltou ao patamar dos dois milhões de pobres, um número que tinha ficado para trás quando se dobrou o século.
Em 2015 e 2016 os indicadores começaram a afastar-se destes patamares historicamente elevados, com a taxa de risco pobreza a recuar para 19%, primeiro, e para os 18,3% depois. Estes valores continuam, contudo, aquém do patamar dos 17,9% de taxa de risco de pobreza registados em 2009, quando a crise começou a despontar.
Outro indicador que permite verificar precisamente, que a situação ainda está longe dos níveis pré-crise, prende-se com a taxa de pobreza ancorada em 2009 em que se pretende apurar o universo de população pobre à luz do limiar de pobreza de 2009. De acordo com o INE, considerando este critério, em 2016 havia 21,1% de pobres no País.
Situação deteriora-se para os desempregados
O alívio da incidência da pobreza ocorreu sobretudo entre as crianças e jovens com menos de 18 anos (baixou e 22,4% para 20,7%) e a população idosa (em que a percentagem de população pobre baixou de 18,3% para 17%). Mas, em contrapartida, continua a agravar-se a situação dos desempregados.
Em 2016, 44,8% das pessoas sem trabalho remunerado vivia com menos do que 454 euros por mês, uma percentagem que bate todos os recordes – é mesmo pior do que no epicentro da crise.