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Medina pressiona sucessor. Dívida pode chegar aos 95% este ano

O ministro demissionário das Finanças acredita que no final deste ano vai ser possível ter um rácio de dívida de 95%, um valor "alcançável com relativa facilidade", afirma em entrevista à Reuters. Fernando Medina sugere que a bazuca europeia seja transformada num instrumento permanente para "investimentos estruturais".

Medina pode deixar um excedente maior do que previsto.
Miguel Baltazar
Negócios com Reuters 05 de Fevereiro de 2024 às 18:15
O ministro das Finanças em exercício, Fernando Medina, está mais otimista e já acredita que a dívida pública pode ficar nos 95% do produto interno bruto (PIB) este ano, aproximando-se da média da Zona Euro. Tudo depende da estratégia que for seguida pelo próximo governo, avisa.

"Admito que 95% do PIB é um valor alcançável com relativa facilidade durante a execução de 2024", se essa política [de redução e equilíbrio orçamental] for seguida, afirmou Medina numa entrevista à agência Reuters esta segunda-feira, 5 de fevereiro. O otimismo do ministro melhorou em poucos dias, depois de ter afirmado em declarações à Rádio Renascença que a dívida podia sem dificuldade chegar aos 96% do PIB. Agora, apenas três dias depois, retira-lhe um ponto percentual.

A dívida pública caiu para 98,7% no ano passado, ficando pela primeira vez desde 2009 abaixo dos 100% e um ano antes do esperado. Portugal estará agora com um nível abaixo de países como França, Espanha e Bélgica e a aproximar-se da média da zona euro nos 90,4%.



Nesta entrevista, Fernando Medina, afirmou que equilibrar o orçamento e reduzir a dívida "é um caminho que deve ser continuado" pelo governo resultante das eleições antecipadas de 10 de março, pois "reforça a autonomia estratégica do país", pressionando o sucessor no Terreiro do Paço.

No final de 2023, de acordo com os dados preliminares do Banco de Portugal, a dívida pública totalizou 263 mil milhões de euros, representando uma redução de 9,4 mil milhões de euros face ao ano anterior, quando o rácio foi de 112,4%.

O governo previa um rácio da dívida pública de 103% para 2023, e uma queda para 98,9% este ano, acabando por atingir a meta de reduzir abaixo dos 100% um ano antes.

Acelerar investimentos do PRR



O ministro das Finanças em exercício defendeu nesta entrevista que a União Europeia (UE) deve transformar o Fundo de Recuperação e Resiliência (NextGenerationEU) num instrumento permanente, visando investimentos estruturais para enfrentar desafios de competitividade que só podem ser superados à escala da UE.

Contudo, Fernando Medina disse que a "prioridade neste momento", quando se espera um abrandamento da procura externa dirigida às economias europeias, deve ser "acelerar a execução dos investimentos" com fundos de recuperação e não o debate sobre o prolongamento do seu prazo para além de 2026.

Afirmou que "discutir agora a prorrogação do prazo fragilizaria o debate, pois daria a ideia de que não seria necessário avançar tão rapidamente nesta fase", mas acrescentou que a discussão poderá ter lugar no Ecofin "entre o final de 2024 e início de 2025".

"Este é o ano para acelerar. Quanto mais avançados os países estiverem na execução dos seus planos de recuperação, mais fortes serão os seus argumentos em relação à extensão do prazo e às necessidades de recursos adicionais para investimentos", disse ele numa entrevista.

Medina disse que o Fundo de Recuperação "deve transformar-se um instrumento de natureza permanente para apoiar o investimento por toda a Europa" e superar os desafios de competitividade que a UE como um todo enfrenta, nomeadamente nas transições digital e ambiental, nas cadeias de abastecimento e na industrialização.

Disse que deve haver uma resposta "à escala europeia", pois é impossível que cada país sozinho ou um pequeno grupo de países resolva estes desafios.
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