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Fitch: Instabilidade política arrisca atrasar consolidação e reformas
Um governo minoritário tenderá a ser menos ambicioso e reformista, o que pode prejudicar o investimento e o crescimento.
A agência de rating Fitch considera que a vitória eleitoral deste domingo da actual coligação de governo garantirá a manutenção do rumo das políticas que têm vindo a ser seguidas no país, mas teme os impactos mais a prazo da instabilidade decorrente de um governo minoritário.
"O resultado das eleições apoia a nossa visão de que são improváveis mudanças importantes de políticas, mas a instabilidade política poderá reduzir a consolidação orçamental e a implementação de reformas", antecipa a agência de notação financeira.
Um governo minoritário tenderá a ser menos ambicioso e reformista devido ao "risco de bloqueios por desacordo político" no parlamento. Por outro lado, "um governo mais fraco, consciente da possibilidade de eleições antecipadas, pode ser cauteloso na implementação de reformas difíceis ou impopulares que dariam ao investimento e ao crescimento um impulso adicional", escreve a agência, notando que a consolidação orçamental abrandou este ano, que está previsto uma subida do défice estrutural e que a reversão de algumas medidas de austeridade pode ser acelerada em 2016 "em face de alguma fadiga de consolidação".
No curto prazo, a Fitch não vê, porém, risco de atritos. Em comunicado, nota que Pedro Passos Coelho ofereceu-se para formar um governo de minoria, que os socialistas recusaram uma aliança com os demais partidos da oposição e que partilham com a coligação a prudência orçamental e o desejo de manter o país no euro. Tudo isso, "diminui a incerteza política de curto prazo associada à formação de um novo governo coeso".
A análise da Fitch converge com a da Moody's que considera que a vitória da coligação Portugal à Frente deve manter o país na rota da redução do défice e da dívida públicos, mas a circunstância de se tratar agora de um Governo minoritário poderá "complicar a implementação de mais reformas estruturais", designadamente na Segurança Social.