Notícia
Excedente externo encolhe para um terço até novembro
As contas externas portuguesas deterioraram-se em novembro. O saldo positivo das balanças correntes e de capital dos primeiros 11 meses de 2018 é inferior ao registado até outubro e representa cerca de um terço do valor de 2017.
As contas externas de Portugal registaram um excedente de 863 milhões de euros nos primeiros 11 meses de 2018, um valor que traduz uma deterioração face ao resto do ano e ao registado em 2017.
O saldo conjunto das balanças corrente e de capital apurado entre janeiro e novembro está abaixo do verificado nos primeiros 10 meses do ano (1.175 milhões de euros), pelo que o valor isolado de novembro foi negativo (défice).
Nos primeiros 11 meses de 2017 o excedente apurado situou-se em 2513 milhões de euros, pelo que no mesmo período do ano passado recuou para cerco de um terço deste valor (34%).
Medido em percentagem do PIB, o excedente externo apurado nos primeiros nove meses de 2018 (janeiro a setembro) corresponde a 0,3% do PIB, quando em 2017 era de 1,1% do PIB
Como mostra o gráfico em baixo, comparando com 2016 a deterioração das contas externas portuguesas é ainda maior.
O Banco de Portugal, numa nota publicada esta segunda-feira, 21 de janeiro, explica esta deterioração nas contas externas portuguesas com a evolução das balanças de bens e de rendimento primário.
Nos primeiros 11 meses do ano as exportações de bens aumentaram 4,9%, bem abaixo do aumento das importações (7,9%), o que resultou num agravamento do défice da balança de bens em 2.459 milhões de euros.
Turismo impede maior queda
Em sentido inverso, a balança de serviços continua a melhorar à custa do crescimento do turismo. O "excedente da balança de serviços cresceu 1033 milhões de euros, essencialmente devido à rubrica de viagens e turismo, cujo saldo passou de 10.183 milhões de euros para 11.227 milhões de euros", refere o Banco de Portugal. As exportações de serviços aumentaram 6,9%, enquanto as importações subiram 5,4%.
Além do comércio de bens, o pagamento de dividendos por parte das empresas portuguesas ao exterior também continua a pesar das contas externas do país. O défice da balança de rendimento primário (onde se incluem salários, juros, dividendos e algumas transferências da União Europeia) situou-se em 5.334 milhões de euros, superando o défice de 4.700 milhões de euros verificado em igual período de 2017, sendo que "este acréscimo resultou, sobretudo, do aumento dos dividendos pagos a entidades não residentes", explica o Banco de Portugal.
Desde 2012 que as contas externas de Portugal registam um excedente, mas sem um perfil anual linear: o ano começa com um défice que depois passa a excedente no saldo acumulado no final do ano.