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Constitucional alemão confirma "luz verde" ao fundo de resgate do euro

Juízes confirmam decisão preliminar anunciada em Setembro de 2012 e precisam que as responsabilidades assumidas pela Alemanha nos empréstimos a parceiros do euro não podem ir além dos 190 mil milhões de euros autorizados pelo parlamento germânico.

"É expectável um desenvolvimento mais lento da economia nos próximos meses"
18 de Março de 2014 às 10:14
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O Tribunal Constitucional alemão confirmou nesta terça-feira o entendimento prévio, que havia anunciado em 12 de Setembro de 2012, segundo o qual o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), instituição permanente que passou a financiar os resgates aos países do euro, entre os quais Portugal, é compatível com a legislação fundamental alemã e com os Tratados europeus. Isto desde que os limites máximos de responsabilidade financeira assumidos pelos alemães sejam previamente autorizados pelo Bundestag - 190 mil milhões de euros, no caso presente.

 

Os juízes do Tribunal de Karlsruhe dão assim como definitivamente rejeitadas as queixas apresentadas por vários grupos e personalidades contra a entrada em vigor do MEE, assim como do Tratado Orçamental Europeu, alegando que ambos não ferem as atribuições do parlamento nacional e, nessa medida, a Constituição alemã.

 

Os juízes precisam, porém, que as responsabilidades assumidas pela Alemanha nos empréstimos a parceiros do euro não podem ir além dos 190 mil milhões previstos e já autorizados pelo parlamento directamente eleito pelos alemães. "O princípio da democracia exige que o Bundestag alemão permaneça o lugar em que são tomadas decisões autónomas sobre as receitas e as despesas, inclusive as que remetem para responsabilidades assumidas ao nível internacional e europeu", refere o Tribunal em comunicado de imprensa, onde sublinha que, não obstante o carácter permanente do MEE, a Alemanha pode, em última instância, retirar-se do mecanismo.

 

O MEE, que pode eventualmente vir a financiar um programa cautelar para Portugal para amparar o pós-troika, tem a sua capacidade máxima de empréstimo fixada em 500 mil milhões de euros. A Alemanha é o principal contribuinte para o MEE, garantindo cerca de 190 mil milhões de euros, quase um terço do total.

 

As providências cautelares para tentar evitar que o Tratado Orçamental e o MEE fossem ratificados na Alemanha foram apresentadas, nomeadamente, pelo grupo parlamentar dos neocomunistas do Die Linke, pelo grupo "Mais Democracia", que reuniu 37 mil subscritores, incluindo a ex-ministra da justiça Hertha Daeubler-Gmelin, o deputado democrata-cristão Peter Gauweiler e conhecidos professores universitários eurocépticos.

 

No essencial, os requerentes alegavam que o Tratado Orçamental e o MEE violam a Lei Fundamental alemã e os próprios Tratados europeus, por transferirem poderes orçamentais do parlamento e do Governo germânicos para Bruxelas . No caso do MEE, invocavam ainda que a sua ratificação significaria assumir "um risco incalculável" para a Alemanha. 

 

OMT nas mãos do Tribunal europeu de Justiça

 

Esta decisão surge depois de o Constitucional da Alemanha ter considerado, ao invés, muito provável que o programa de compra ilimitada de obrigações soberanas por parte do Banco Central Europeu (BCE) "exceda" o mandato concedido pelos tratados europeus à autoridade monetária, tendo, no entanto, remetido a apreciação definitiva para as mãos do Tribunal Europeu de Justiça, sediado no Luxemburgo.


Conhecido pela sigla OMT (Transacções Monetárias Definitivas), o programa do BCE nunca foi usado - e, idealmente, nunca será. O seu mero anúncio no Verão de 2012, depois de Mario Draghi ter prometido que o BCE faria o que for preciso para preservar o euro, terá, no entanto, sido decisivo para quebrar a espiral da crise da dívida soberana que ameaçava a sobrevivência da união monetária europeia. Na análise dos juízes "há razões importantes para assumir [que este programa] excede o mandato de política monetária do BCE", na medida em que invade os poderes dos Estados-membros e viola o proibição de financiamento monetário dos orçamentos (nacionais).


O Tribunal de Karslruhe admite, ainda assim, que se for feita uma "interpretação restritiva" do programa este pode encaixar-se no mandato do BCE. A decisão não foi unânime, com seis votos a favor e dois contra.

 

(notícia actualizada às 10h20))

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