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Católica estima que Portugal cresceu 0,5% em cadeia no primeiro trimestre

Economistas da Católica antecipam que a economia portuguesa cresceu, em termos trimestrais, acima da média da Zona Euro, apesar da "uma enorme incerteza" e dos "dados algo contraditórios". Ainda assim, os "sinais inesperadamente positivos" levaram a uma revisão em alta da estimativa de crescimento para este ano. Católica está agora mais otimista sobre evolução da economia do que o Governo.

DR
05 de Abril de 2023 às 12:49
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Os economistas da Universidade Católica estimam que a economia portuguesa tenha escapado à recessão no primeiro trimestre deste ano, segundo dados divulgados esta quarta-feira. A previsão é de que o produto interno bruto (PIB) português tenha crescido 0,5% em cadeia, superando a taxa de crescimento da Zona Euro entre janeiro e março.

"No primeiro trimestre de 2023, a economia portuguesa deverá ter crescido 0,5% em cadeia, o que corresponde a um crescimento de 1,4% em termos homólogos", indica o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Católica, na mais recente folha trimestral de conjuntura. 

Porém, o NECEP avisa que a estimativa de crescimento para os primeiros três meses do ano "encerra uma enorme incerteza" tendo em conta que "os dados são algo contraditórios, com o indicador diário do Banco de Portugal a sugerir uma forte expansão, mas os volumes de negócios no retalho e nos serviços a sinalizarem um crescimento modesto".

Os economistas dizem que "não é de descartar a possibilidade de um crescimento mais fraco, em linha com o registado no final de 2022", em que a expansão em cadeia foi de 0,3%. Por outro lado, admitem a possibilidade de um crescimento trimestral superior, "no limiar de 1%, fruto do sinal transmitido pelo indicador diário do Banco de Portugal".

Considerando o ponto central da estimativa (0,5%), Portugal deverá ter crescido, em termos trimestrais, acima da média da Zona Euro. As estimativas da Católica apontam para que o PIB do conjunto de 20 países do euro tenha crescido "0,3% em cadeia". Já o crescimento homólogo do euro terá sido superior ao português: 1.5%, após a estagnação do quarto trimestre de 2022.

A Católica diz ainda que a inflação média do primeiro trimestre foi de 8%, e que é "razoável" esperar uma descida da média anual para 6% em 2023, "fruto da diluição dos efeitos base desfavoráveis". Já a taxa de desemprego "parece dar sinais de uma ligeira subida para um ponto central de 6,5%", indica, sublinhando que o valor está abaixo à média histórica recente, mas é "um desenvolvimento novo no período pós-pandemia que precisa de ser seguido com atenção".

Crescimento para 2023 é revisto em alta

Tendo em conta os "sinais inesperadamente positivos dos primeiros três meses do ano", a Católica reviu em alta o ponto central da estimativa de crescimento para este ano. Os economistas do NECEP estimam agora que o PIB português possam expandir-se em 1,4% este ano, num "intervalo amplo" de "0% a 2,8%". Ou seja, o risco de estagnação não está totalmente afastado.

Os economistas defendem que a segunda metade do ano pode "afigurar-se mais adversa fruto das diversas pressões sobre a conjuntura económica: inflação elevada e taxas de juro crescentes, a que se junta agora um provável agravamento da disponibilidade de crédito fruto da maior turbulência no sistema financeiro". Além disso, notam que o consumo privado e o investimento "parecem continuar com uma dinâmica muito frágil e contingente".

Apesar disso, as previsões da Católica para o crescimento da economia este ano são ligeiramente mais otimistas do que as do Ministério das Finanças, que inscreveu no Orçamento de Estado para este ano uma previsão de crescimento de 1,3%

Para a Zona Euro, anteveem um "comportamento um pouco pior" da economia, com o ponto central do crescimento do PIB em 1% e um intervalo compreendido "entre a estagnação e uma expansão de 2,0%".

"Mantém-se, assim, o risco de uma recessão suave, mas esse não parece ser o cenário mais provável, dados os desenvolvimentos recentes da economia europeia. As dificuldades do sistema financeiro são agora um novo risco que altera, também, a visibilidade sobre a velocidade com que o BCE conseguirá domesticar a taxa de inflação sem causar danos no sistema financeiro", explicam.

Para o próximo ano, a previsão é de que a economia portuguesa registe um crescimento anual de 1,5% e, no ano seguinte, 1,6%, "refletindo os efeitos adversos que a pandemia poderá ter tido no crescimento potencial da economia portuguesa".
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