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Barclays arrasa com economia portuguesa

Crescimento abaixo de 1% em 2016 e 2017 e défice orçamental acima de 4% no presente ano. Estas são as previsões do Barclays numa nota em que adianta que Portugal precisa de apresentar medidas adicionais de contenção orçamental.

11 de Julho de 2016 às 14:38
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Há nuvens sombrias sobre a bandeira portuguesa, segundo o Barclays. O banco britânico duvida de grande parte das previsões macroeconómicas de Portugal. Crescimento e défice estão entre os principais visados. Isso mesmo o banco de investimento deixou claro numa nota de análise da situação nacional, publicada esta segunda-feira, 11 de Julho.

 

"Portugal está, mais uma vez, sob forte escrutínio do mercado. As condições macroeconómicas favoráveis dos últimos 18 meses estão a perder gás. O país enfrenta uma crise bancária sistémica, a ausência de um plano orçamental a médio prazo convincente e um excessivo endividamento nos sectores público e privado. Isto coloca em cima da mesa se Portugal consegue responder a todos os desafios sem a ajuda de outro programa", indica a nota, assinada pela equipa liderada por Antonio Garcia Pascual, a que o Negócios teve acesso.

 

Como resposta ao último ponto, o banco britânico frisa que a sua hipótese central é de que "Portugal não precisa de apoio financeiro das instituições". "Apesar das necessidades de financiamento serem elevadas, consideramos que é possível geri-las, muito porque acreditamos que o programa de flexibilização do BCE vai continuar a comprar dívida portuguesa a uma taxa de 1,4 mil milhões de euros por mês no futuro próximo, mantendo a hipótese de a DBSR não descer o ‘rating’ de Portugal". O Barclays alerta, contudo, que é preciso ter atenção a "quaisquer choques" que possam pôr as finanças portuguesas sob pressão.

 

Crescimento abaixo de 1% em 2016 e 2017

 

De qualquer forma, e embora admita que o cenário central prevê que Portugal consiga fazer face às suas necessidades sem recurso externo, a verdade é que o Barclays traça um cenário negro para a situação macroeconómica do país.  

 

O crescimento nacional desapontou no ano passado e este ano também deverá fazê-lo, "apesar dos ventos muito favoráveis da política monetária ultra-acomodatícia, do petróleo barato, da desvalorização do euro e de um crescimento mais forte da Zona Euro", segundo o relatório do Barclays. As perspectivas não melhoram agora, tendo em conta o Brexit – o referendo de 23 de Junho mostrou que a maioria da população do Reino Unido pretende sair da União Europeia e há incertezas sobre como tal será concretizado. 

 

Assim, a estimativa de crescimento do Barclays para Portugal é de 0,7% em 2016 e 0,3% em 2017 – oficialmente, o Governo espera que o país se expanda a um ritmo de 1,8% este ano.

 

Já o défice orçamental também fica acima do esperado. "Esperamos apenas uma correcção orçamental ligeira em 2016", indica o Barclays. "Prevemos que o défice em 2016 caia apenas ligeiramente, de 4,4% em 2015 para 4,1% em 2016, uma vez ajustado do cenário económico menos positivo e dos custos de recapitalização da banca". O Governo de António Costa aponta para 2,2%. 

 

Medidas adicionais trazem risco adicional


Aliás, além do enfraquecimento ambiente macroeconómico, a crise bancária é um dos pontos que pesa sobre o país, pesando sobre o défice – há necessidades de capital de 7,5 mil milhões de euros para os bancos nacionais, a grande maioria para a Caixa Geral de Depósitos, segundo o banco de investimento. Aliás, o título da nota é mesmo "as implicações soberanas da crise bancária". Porque além do banco público, há dúvidas quanto à venda do Novo Banco (e seus custos para os restantes bancos) e ainda em relação à recapitalização do BCP. 

 

Tendo este cenário, o Barclays adianta que é necessário um plano "realista" para o orçamento no médio prazo. "O Governo vai ter de implementar medidas orçamentais adicionais para cumprir as ambiciosas metas orçamentais a médio prazo", indica o relatório, que sublinha ainda para o elevado nível de endividamento do país – a estimativa é que permaneça acima de 130% do PIB até 2020.

 

Nesta implementação de novas medidas, para compensar as metas que classifica como optimistas (nomeadamente as receitas fiscais), há um risco político, já que o Barclays acredita que algumas destas medidas de ajustamento podem não contar com o apoio das forças de esquerda que sustentam o Governo.

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