Notícia
Alterações ao orçamento obrigam a rever défice de 2020
As alterações ao Orçamento do Estado, algumas das quais feitas contra a vontade do Governo, obrigam à revisão da previsão oficial para o défice, que deverá ficar acima dos 7%. Previsão do Ministério das Finanças continua a ser inferior à da maioria das instituições.
Isso mesmo foi hoje reconhecido pelo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro em declarações no programa de debate político semanal da TSF "Almoços Grátis".
Tiago Antunes diz que o défice, que estava estimado em 6,3%, pode chegar aos 7% na sequência das alterações aprovadas no Parlamento. Em causa está uma redução da receita "até mil milhões de euros", que é adiada para o ano seguinte, e um agravamento da despesa de 400 milhões, números que foram confirmados pelo Ministério das Finanças ao Negócios.
Recorde-se que as previsões do governo e que servem de cenário-base ao orçamento suplementar estão bastante distantes das expectativas da esmagadora maioria das instituições. Ainda hoje, a folha de conjuntura da Faculdade de Economia da Universidade Católica sublinha o otimismo relativo do governo. "Caso se confirme uma queda do produto em torno de 10% [cenário central da Católica], a perda de receita fiscal e contributiva deverá ser bem superior, colocando o défice para além dos 6,3% do PIB previstos pelo Ministério das Finanças".
Ainda antes das alterações ao retificativo, o Conselho de Finanças Públicas apontava para um défice orçamental de 6,5% (mas que poderia chegar a 9,3% num cenário adverso), ao passo que o FMI e a OCDE apontam para 7,1% e 7,9%.