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Salvini está “absolutamente seguro” que o spread da dívida não vai superar os 400 pontos

O ministro das Finanças italiano está preocupado com a subida de juros mas Salvini está a confiante de que spread da dívida não vai superar os 400 pontos. Os líderes do Executivo recusam mudar a sua estratégia, rejeitando que a política seguida seja “ditada” por investidores estrangeiros ou por comissários europeus.

Reuters
10 de Outubro de 2018 às 11:00
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Itália está sob todas as atenções. As metas orçamentais foram traçadas e apontam para que o défice orçamental se situe nos 2,4% do produto interno bruto (PIB), um valor que está bastante acima do acordado anteriormente com Bruxelas. O Governo de coligação, entre o 5 Estrelas e a Liga, quer aumentar despesa, o que fez accionar todos os alarmes dos mercados. Os juros têm disparado, a bolsa tem afundado. E a troca de palavras entre a Comissão Europeia e Roma tem sido constante.

 

Os líderes do Executivo marcam a sua posição, garantindo que as suas medidas serão benéficas para a economia italiana, o que vai aumentar o PIB e, consequentemente, reduzir dívida e défice. Os vice-primeiros-ministros recusam recuar em benefício dos "especuladores", dos investidores internacionais e do que é defendido por comissários europeus.

 

Em resultado desta abordagem, as taxas de juro associadas à dívida italiana têm subido de forma abrupta, superando os 3,6%, o que corresponde ao valor mais elevado desde 2014. Além disso, o prémio de risco – medido pela diferença entre os juros de Itália e da Alemanha – tem estado, este mês acima dos 300 pontos base, o que também representa o nível mais baixo desde 2013.

 

O ministro das Finanças, Giovanni Tria, admite haver preocupação com esta questão, ainda que considere excessiva a reacção dos mercados, já os vice-primeiros-ministros têm minimizado esta evolução, considerando que as medidas que vão implementar vão beneficiar a economia.

 

"A subida dos juros das obrigações registada nos últimos dias é, obviamente, uma razão de preocupação, mas quero reiterar que foi uma reacção excessiva que não é justificada pelos fundamentais da economia de Itália", salientou o ministro das Finanças durante uma comissão parlamentar sobre o Orçamento, citado pela Bloomberg.

 

O vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, deixou claro que não vai recuar nas propostas que visam reformar as pensões e reduzir os impostos. Questionado sobre se está convencido de que o prémio de risco da dívida italiana não vai atingir os 400 pontos, Salvini foi peremptório: "Absolutamente seguro."

 

E não foi apenas Salvini a abordar esta questão. Di Maio também defendeu, numa entrevista à Rai Radio 1 que "muitas pessoas estão a apontar para um ‘spread’ de 400 pontos porque é uma forma de aterrorizar os cidadãos. A nossa missão não é o ‘spread’ [da dívida], mas os cidadãos", salientou Luigi di Maio, vice-primeiro-ministro.

 

"Vou recuar por causa do spread [da dívida] ou por causa dos comissários europeus? Não", garantiu Salvini. "Devo mudar as minhas políticas – o meu compromisso com os italianos – com base no que alguns especuladores decidem de manhã? Não", sublinhou Salvini na mesma entrevista.

 

O líder da Liga diz ainda que o Governo vai encorajar a população a comprar obrigações soberanas.

 

"Estamos convencidos de que se houver dinheiro nos bolsos gasta-se e a economia cresce", defendeu Salvini. "Prevemos que o crescimento económico vai ser maior", a beneficiar das medidas que serão incluídas no Orçamento do Estado do próximo ano, adiantou Di Maio.

 

Sobre as agências de "rating" a possibilidade de cortarem a notação financeira de Itália, Salvini "recorda que já o fizeram no passado, e as investigações de alguns procuradores corajosos mostraram que os cortes de ‘rating’ foram completamente infundados e algumas pessoas lucraram com isso".

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