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Quem são os adversários de Centeno para a presidência do Eurogrupo?

Entrámos na recta final da corrida à presidência do Eurogrupo. Mário Centeno é um dos candidatos, mas não está sozinho e poderá ter de ultrapassar alguns pesos-pesados se quiser suceder a Jeroen Dijsselbloem.

Reuters
07 de Novembro de 2017 às 11:22
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Agora é mais do que assumido: Mário Centeno quer ser o próximo presidente do Eurogrupo. Contudo, a menos de um mês da eleição, o lugar está longe de estar garantido para o ministro das Finanças português. Embora cumpra alguns dos critérios exigidos, Centeno poderá nem ser o principal candidato à cadeira. Para a conquistar terá de ultrapassar outros governantes socialistas, representantes de países pequenos, grandes, do Sul, do Norte e até campeões de xadrez. 
 
A escolha do presidente não obedece apenas à avaliação da competência dos candidatos, mas a equilíbrios geográficos (Norte/Sul), dimensão do país e, claro, à orientação ideológica do Governo que o ministro representa (a preferência parece recair sobre a área socialista). 
 

A Bloomberg escreve que aquele que era visto como um dos principais nomes na refrega, o francês Bruno Le Maire, parece estar agora a hesitar. Depois do espanhol Luis de Guindos, é o segundo "gigante" a recuar, o que deixa a corrida para o Eurogrupo mais aberta, mas não necessariamente mais fácil para Centeno. Segundo os jornais internacionais, estes são os principais adversários do governante português.

 

 

Pierre Gramegna – Luxemburgo



O Financial Times diz que Gramegna (na foto com o ministro português) lidera para já a corrida. O ministro das Finanças luxemburguês tem a seu favor o facto de vir de um país pequeno, o que significa que poderá estar numa boa posição de gerir disputadas diplomáticas. Como liberal, o facto de não pertencer à família política dos socialistas é um ponto negativo, mas o seu principal "handicap" é mesmo o país de origem. O Luxemburgo já ocupa a presidência da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker). Um país tão pequeno com dois cargos europeus de topo pode ser difícil de justificar. No entanto, como verá, nenhum candidato está isento de falhas. No final, Gramegna pode ser o último de pé.

 

 

Mário Centeno – Portugal

 

Deste nome já ouvimos falar. O governante português tem vários argumentos a seu favor: é de um país do Sul da Europa, pertence à família socialista e o bom desempenho orçamental e económico de Portugal tem sido usado por Bruxelas como um exemplo positivo nos últimos dois anos. Ou seja, muitos dos critérios centrais para esta eleição parecem preenchidos. Porém, Centeno está há pouco tempo no palco político internacional e não tem a experiência ou a reputação de outros governantes mais experientes. A Bloomberg escreve que, no passado, o ministro português não assumiu uma postura de liderança nos debates europeus. Talvez mais importante, Centeno representa um país que saiu há relativamente pouco tempo de um programa de ajustamento, depois de fortes desequilíbrios orçamentais.

 

Peter Kazimir – Eslováquia


Um socialista com uma visão conservadora da gestão das contas públicas e duro com os países que violem regras orçamentais. Escolher Kazimir significaria manter a mesma linha seguida até agora com Dijsselbloem. Vem de um país pequeno - com o "bónus" de ser um membro mais recente da família do euro - e é socialista. Aquilo que o torna num candidato visto com bons olhos pela direita é também uma desvantagem. O Financial Times nota que o seu alinhamento com Berlim em temas orçamentais pode prejudicar a sua candidatura. Além disso, adopta muitas vezes um estilo pouco diplomático e é muito aberto nas declarações aos media, quando o cargo pede algum recato.

 

 

Dana Reizniece-Ozola – Letónia

 

O governo letão já confirmou que Dana Reizniece-Ozola está a considerar seriamente avançar para a presidência do Eurogrupo. Campeã internacional de xadrez, seria a candidata mais nova (tem 35 anos) e permitiria a um país báltico deter pela primeira vez um alto posto europeu. Ao pertencer aos verdes, não é penalizada por ser do PPE, mas também não recebe o "empurrão socialista" para a liderança do Eurogrupo. Assim como Centeno, é ministra das Finanças há relativamente pouco tempo (desde o início de 2016).

 

 

Bruno Le Maire – França

O peso-pesado da corrida. Vem do segundo maior país da Zona Euro, cujo presidente – Emmanuel Macron - quer ter uma influência maior na condução dos destinos europeus. A Bloomberg escreve que Le Maire tem adoptado uma postura de liderança em vários temas, como a taxação de empresas da área digital e as negociações com a Grécia. No entanto, uma vez que Paris (assim como Berlim) já tem uma influência decisiva nas decisões europeias, dar-lhe mais um cargo para reforçar essa posição não parece ser a solução mais popular. Além disso, o presidente do Eurogrupo tem assumir muitas vezes uma posição de moderador e Le Maire representará um país que deverá apresentar propostas de reformas profundas (e possivelmente polémicas). Mais: antes de se juntar ao movimento de Macron, pertencia ao partido conservador, o que não o ajuda na sua candidatura. As últimas notícias dão Le Maire como hesitante em avançar e que apenas o fará se sentir que é o principal candidato. Poderemos ter novidades mais definitivas em breve. A Reuters escrevia este fim-de-semana que o ministro francês visitará Berlim quarta-feira e um dos tópicos na agenda será avaliar o apoio alemão ao seu nome. O Politico argumenta que Macron poderá preferir esperar para lançar uma candidatura forte à presidência da Comissão Europeia.

 

 

Pier Carlo Padoan – Itália

Outro representante de um gigante. Neste caso, a candidatura será ainda mais improvável. Apesar de Padoan ter a experiência e força política para ser respeitado pelos seus pares, ser socialista e representar um país do Sul da Europa, o ministro das Finanças italiano será penalizado por um compatriota: o facto de Mario Draghi já ocupar a presidência do Banco Central Europeu (BCE) é um ponto negativo. Além disso, como há eleições em Itália dentro de poucos meses, há o risco de Padoan abandonar o cargo de ministro das Finanças, o que implicaria deixar o Eurogrupo novamente sem líder, tendo de repetir este processo outra vez.

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