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Le Pen defende regresso ao ECU

A líder da Frente Nacional francesa quer recuperar uma moeda nacional na qual denominar a dívida do país e regressar ao sistema de cabaz de divisas soberanas que existia antes da introdução do euro como moeda física, em 1999.

Reuters
04 de Janeiro de 2017 às 13:01
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A líder da Frente Nacional e candidata às presidenciais em França, Marine Le Pen, defende que os países da Zona Euro devem abandonar a moeda única e regressar ao ECU, o sistema monetário que existiu na União Europeia antes de 1999 e no qual conviviam as diferentes moedas nacionais europeias.


Em declarações à Reuters esta quarta-feira, 4 de Janeiro, depois de uma conferência de imprensa que marcou o início do ano, Le Pen defendeu ainda que, caso seja eleita, a dívida nacional francesa será denominada numa nova moeda nacional.

"O ECU existiu em simultâneo com uma moeda nacional. (...) Uma moeda nacional que coexistisse com uma moeda comum não teria quaisquer consequências no quotidiano dos franceses", defendeu.

A responsável tinha já argumentado com a mesma ideia esta terça-feira, numa entrevista concedida à RMC/BFMTV: "Uma moeda nacional, com o euro enquanto moeda comum. Eu quero uma moeda nacional porque é um pilar da soberania e permite adaptar a economia. O ECU era o quê? Então, é semelhante!" 


A saída da França do euro e da União Europeia tem sido defendida por Le Pen, que advoga não só a supressão da UE como de outras duas camadas administrativas no país – regiões e intercomunidades -, e a organização alternativa em torno de comunas (municípios), departamentos (estrutura intermédia entre as regiões e as comunas) e do Estado, acompanhada de uma "revalorização do estatuto do autarca."


O ECU – European Currency Unit, ou Unidade de Conta Europeia, que vigorou entre 1979 e 1999 – era um cabaz das divisas transaccionadas nos então Estados-membros, constituindo uma média ponderada entre elas.

Citado pela Reuters, o economista da Frente Nacional, Jean-Richard Sulzer defende que os franceses poderiam ter dois cartões de crédito, um denominado em euros e outro em ECU's. E que o sistema que o partido defende teria taxas de câmbio fixas, mas permitiria ajustes excepcionais, eliminando a flutuação permanente do valor, o que "criaria grande instabilidade aos nossos exportadores".

A Unidade de Conta Europeia foi criada em 28 de Junho de 1974, a valer 1,20 dólares, sendo sucedida pelo ECU em 1978. O cabaz foi criado um ano depois. Em 1987, de acordo com dados do Banco de Portugal, o Banco Mundial aceitou o ECU para projectos e pagamentos relacionados com as suas operações de empréstimo.

Para o estratega Neil Mellor, do Bank of New York Mellon, esta alteração traria muitos problemas práticos.

"É um assunto para a França, mas se Le Pen ganhar será um assunto para a Zona Euro como um todo," disse por seu turno Patrick O'Donnell, da Aberdeen Asset Management, antecipando que o mercado venha a "votar com os pés" e um aumento substancial dos "spreads".

Em 1989, a moeda portuguesa - o escudo – valia 0,8% do total do cabaz de 13 divisas europeias incluídas então no ECU, tendo um peso semelhante ao do dracma grego. O marco alemão (30,1%), o franco francês (19% do total) e a libra esterlina (13%) representavam, juntas, quase dois terços do cabaz.

A 1 de Janeiro de 1999, com a entrada do euro – com cada unidade a valer 200,482 escudos no caso de Portugal – o ECU foi substituído pela moeda física, passando cada ECU a equivaler a um euro.

(Notícia actualizada às 16:00 com mais informação)

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