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Draghi vê inflação a crescer na Zona Euro e leva juros da dívida e euro a subir
O presidente do BCE antevê uma subida "relativamente vigorosa" da taxa de inflação na área do euro. Mario Draghi diz ainda que a evolução do mercado laboral está a contribuir para impulsionar os salários.
Os efeitos da aguardada intervenção de Mario Draghi no Parlamento Europeu não se fizeram esperar, com os juros das dívidas públicas dos países da moeda única e o euro a registarem fortes subidas depois de o presidente do Banco Central Europeu (BCE) ter antecipado que a taxa de inflação na Zona Euro apresentará daqui para a frente uma subida "relativamente vigorosa".
O economista italiano antecipa ainda que a evolução do mercado laboral contribuirá para impulsionar os salários que, por sua vez, vão influenciar em alta os preços nos consumidores. É que a redução generalizada das taxas de desemprego aliada ao crescimento económico, embora agora mais moderado, faz com que haja menos trabalhadores à procura de emprego e maior criação de novos postos de trabalho, o que potencia aumentos salariais.
"A inflação subjacente deverá crescer mais ao longo dos próximos meses na medida em que um mercado laboral mais apertado está a potenciar o crescimento dos salários", afirmou Draghi em declarações feitas no Comité para os Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.
A inflação continua persistentemente aquém do objectivo definido pelo BCE, fixado em torno dos 2%. O BCE estima que a taxa de inflação na Zona Euro vai permanecer em torno de 1,7% até 2020.
Com estas declarações, Draghi reforçou a convicção existente nos mercados de que o BCE deverá, já em 2019, decretar o primeiro aumento dos juros em largos anos no bloco do euro, onde a taxa de juro de referência permanece em mínimos históricos. O BCE já anunciou que os juros vão continuar inalterados no futuro próximo. Os analistas antecipam que o primeiro aumento do custo do dinheiro possa surgir no último trimestre do próximo ano.
No entanto, a instituição liderada por Draghi já iniciou a normalização da política monetária, com a diminuição do montante mensal de activos adquiridos no mercado de dívida, um programa que terminará em Dezembro.
As palavras de Mario Draghi tiveram reflexo imediato nos mercados, com o euro a avançar para máximos de 14 de Junho contra o dólar, estando nesta altura a apreciar 0,43% para 1,1799 dólares.
Também os juros das dívidas públicas reagiram em alta. A "yield" associada às "bunds" germânicas com prazo a 10 anos avança 4,4 pontos base para 0,506%, estando assim em máximos de 12 de Junho.
Também a taxa de juro correspondente aos títulos soberanos lusos a 10 anos cresce 2,3 pontos base para 1,893%, enquanto a "yield" associado às obrigações transalpinas com a mesma maturidade sobe 8,5 pontos base para 2,915%.
A subida mais expressiva dos juros italianos surge numa semana decisiva em Roma, já que até à próxima sexta-feira o executivo transalpino anunciará as metas orçamentais para 2019.
(Notícia actualizada às 15:45)