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Constâncio teme proteccionismo de Trump, apesar de optimismo dos mercados

O vice-presidente do BCE considera que as políticas proteccionistas defendidas por Donald Trump e os riscos políticos em vários países da UE podem penalizar a Europa. Constâncio também admite "preocupação" com a não recuperação da taxa de inflação.

14 de Novembro de 2016 às 11:30
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Mesmo tendo em conta que os mercados bolsistas se mostram optimistas quanto ao impulso que as políticas económicas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, poderão fornecer à maior economia mundial, Vítor Constâncio enumera um conjunto de riscos que ameaçam a Europa.

 

Em afirmações feitas esta segunda-feira, 14 de Novembro, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) sustentou que as medidas proteccionistas advogadas por Trump, assim como os vários riscos de instabilidade política que se verificam em países da União Europeia (UE), poderão ser prejudiciais para a Europa.

 

Desde a vitória de Trump nas presidenciais norte-americanas os investidores mostram expectativa de que o próximo presidente dos EUA aposte em corte de impostos às famílias e empresas e eleve a despesa pública, potenciando a inflação e o crescimento económico.

 

No entanto, Constâncio teme que a intenção de Trump se concentrar no mercado americano poderá afectar as exportações da UE e também dos mercados emergentes, alimentando "riscos políticos" no Velho Continente, particularmente fomentando o nacionalismo e populismo em muitos países da Zona Euro. Além do referendo constitucional italiano de Dezembro, que poderá ditar a demissão do primeiro-ministro Matteo Renzi, em 2017 há eleições presidenciais em França e legislativas na Alemanha e Holanda.

 

Até agora, esses desenvolvimentos [nos mercados] apontam para um aumento do crescimento económico norte-americano mas num contexto político de ‘América primeiro’ Vítor Constâncio

Citado pela agência Reuters, o número dois de Mario Draghi diz que "temos de ser cautelosos em chegar a conclusões precipitadas e positivas sobre os desenvolvimentos verificados nos mercados porque podem não indicar necessariamente que a economia mundial vai acelerar a sua recuperação com um crescimento mais elevado".

 

Numa conferência realizada esta manhã em Frankfurt, Vítor Constâncio sublinha que "até agora, esses desenvolvimentos [nos mercados] apontam para um aumento do crescimento económico norte-americano mas num contexto político de ‘América primeiro’".

 

Por outro lado, Constâncio mostra-se relativamente optimista quanto à evolução da taxa de inflação na Zona Euro, que o próprio acredita poder aproximar-se da meta dos 2% definida pelo BCE. Para a próxima Primavera Constâncio antecipa que a inflação subirá para "bem acima de 1%".

 

Sendo que o vice-presidente do BCE não deixa de notar que o facto de a taxa de inflação, excluindo os preços dos alimentados e da energia, ter permanecido inalterada nos 0,8% em Outubro é "motivo para preocupação".

 

Aproxima-se a reunião do BCE agendada para 8 de Dezembro em que a autoridade monetária irá rever o programa de compra de activos de 1,7 biliões de euros em curso. E tendo em conta que a inflação na Zona Euro permanece nos 0,5% a Bloomberg nota que vários economistas prevêem um incremento nas políticas acomodatícias do BCE. Assim, as perspectivas de Constâncio relativas à inflação em 2017 baseiam-se num cenário em que "os potenciais efeitos negativos da presente incerteza no plano mundial" não se materializam.

Até porque o actual conjunto de "riscos políticos" "poderá induzir choques económicos", adverte Vítor Constâncio que advoga a necessidade de mais políticas económicas expansionistas que apoiem o crescimento.

E num dia em que as taxas de juro da dívida seguem em forte alta, estando, por exemplo, as obrigações a 10 anos de Portugal, Espanha e Itália nos níveis mais elevados desde o Verão, Constâncio considera que o BCE não precisa de agir até porque este comportamento beneficia o sector financeiro.

 

"Não vejo qualquer necessidade de reagir especificamente" a esta subida dos juros da dívida, afirmou aos jornalistas presentes na conferência.

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