Notícia
Prémio Sakharov atribuído a duas jovens yazidis escravizadas pelo Daesh
Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar foram escolhidas pelo Parlamento Europeu para prestar tributo aos seus esforços na defesa da comunidade yazidi e das mulheres vítimas da escravidão sexual às mãos dos 'jihadistas' do auto-proclamado Estado Islâmico.
27 de Outubro de 2016 às 12:17
O Parlamento Europeu atribuiu o "Prémio Sakharov" 2016 de Liberdade de Expressão a duas activistas da comunidade yazidi do Iraque, Nadia Murad Basee (na foto) e Lamiya Ali Bashar, escravizadas sexualmente pelo autoproclamado Estado Islâmico durante meses.
A escolha foi feita nesta quinta-feira, em 27 de Outubro, em conferência de presidentes da assembleia europeia, reunida em sessão plenária em Estrasburgo, anunciou o grupo político dos Liberais (ALDE), que propôs os nomes de Nadia e Lamiya para a edição deste ano do Prémio Sakharov.
Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar foram escolhidas pelos esforços na defesa da comunidade yazidi e das mulheres que sobrevivem à escravidão sexual às mãos dos 'jihadistas' do Estado Islâmico, tendo-se tornado porta-vozes da sua comunidade na denúncia dos crimes de guerra e genocídio perpetrados pelo Daesh.
Ambas são oriundas de Kocho, uma aldeia iraquiana que foi tomada pelo Estado Islâmico em 2014, com centenas de mulheres e raparigas yazidis a serem raptadas e escravizadas sexualmente pela organização extremista.
Em 3 de Agosto de 2014, o Daesh assassinou todos os homens da aldeia de Kocho. Na sequência do massacre, as mulheres e as crianças foram escravizadas: todas as jovens, incluindo Nadia, Lamiya e as suas irmãs, foram raptadas, compradas e vendidas várias vezes, e exploradas para fins de escravatura sexual.
Durante o massacre de Kocho, Nadia Murad perdeu seis dos seus irmãos e a mãe, que foi morta juntamente com oitenta mulheres mais idosas consideradas como não tendo qualquer valor sexual.
Lamiya Aji Bashar também foi explorada como escrava sexual, juntamente com as suas seis irmãs. Foi vendida cinco vezes entre os militantes e forçada a fabricar bombas e coletes suicidas em Mossul depois de os militantes do Daesh executarem o seu pai e os seus irmãos.
Em Novembro de 2014, Nadia Murad conseguiu fugir com a ajuda de uma família vizinha, que a retirou clandestinamente da zona controlada pelo Daesh, permitindo-lhe seguir para um campo de refugiados no norte do Iraque e depois para a Alemanha. Um ano mais tarde, em Dezembro de 2015, dirigiu-se ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na sua primeira sessão sobre tráfico de seres humanos com um discurso de grande impacto sobre a sua experiência. Em Setembro de 2016, tornou-se a primeira Embaixadora da Boa Vontade do UNODC para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico de Seres Humanos, participando em iniciativas de sensibilização globais e locais sobre a difícil situação das inúmeras vítimas do tráfico de seres humanos. Em Outubro de 2016, o Conselho da Europa homenageou-a com o Prémio dos Direitos Humanos Václav Havel.
Ao anunciar a decisão, o presidente do PE, Martin Schulz, disse que Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar "partilharam um passado triste e trágico", mas "sentiram que tinham de sobreviver e lutar por aqueles que tiveram de deixar para trás".
Martin Schulz elogiou a "coragem destas duas mulheres" para lutar contra a impunidade daqueles que cometeram "crimes horríveis" contra a comunidade yazidi no Iraque. "São a voz de tantas vítimas do Estado Islâmico e mostram que é possível defender a liberdade e lutar contra a injustiça", disse o presidente do PE.
A atribuição do Prémio Sakharov a Nadia Murad e a Lamiya Aji Bashar mostra que "a sua luta não foi em vão e que estamos preparados para ajudá-las na luta contra o sofrimento e a brutalidade infligidos pelo autoproclamado Estado Islâmico, aos quais ainda estão expostas tantas pessoas", afirmou o presidente do PE. "Foram capazes de fugir para a Europa e de encontrar aqui um porto seguro", acrescentou.
O prémio deverá ser entregue em 14 de Dezembro em Estrasburgo.
Os outros dois finalistas na edição deste ano do Prémio Sakharov eram o jornalista turco Can Dundarn, detido depois de o jornal que dirige ter noticiado o alegado contrabando de armas dos serviços de informações do país para rebeldes na Síria, e Mustafa Dzhemilev, líder tártaro na Crimeia (território ucraniano anexado pela Rússia) que defende os direitos humanos e das minorias há mais de 50 anos.
O Prémio Sakharov da liberdade de pensamento, no valor de 50 mil euros, foi entregue em 2015, ao 'blogger' saudita Raif Badawi que cumpre uma pena de dez anos de prisão por "insultos ao Islão".
Nelson Mandela e o dissidente soviético Anatoly Marchenko (a título póstumo) foram os primeiros galardoados, em 1988.
Em 1999, o galardão foi entregue a Xanana Gusmão (Timor-Leste) e, em 2001, ao bispo Zacarias Kamwenho (Angola).
A escolha foi feita nesta quinta-feira, em 27 de Outubro, em conferência de presidentes da assembleia europeia, reunida em sessão plenária em Estrasburgo, anunciou o grupo político dos Liberais (ALDE), que propôs os nomes de Nadia e Lamiya para a edição deste ano do Prémio Sakharov.
Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar foram escolhidas pelos esforços na defesa da comunidade yazidi e das mulheres que sobrevivem à escravidão sexual às mãos dos 'jihadistas' do Estado Islâmico, tendo-se tornado porta-vozes da sua comunidade na denúncia dos crimes de guerra e genocídio perpetrados pelo Daesh.
Ambas são oriundas de Kocho, uma aldeia iraquiana que foi tomada pelo Estado Islâmico em 2014, com centenas de mulheres e raparigas yazidis a serem raptadas e escravizadas sexualmente pela organização extremista.
Em 3 de Agosto de 2014, o Daesh assassinou todos os homens da aldeia de Kocho. Na sequência do massacre, as mulheres e as crianças foram escravizadas: todas as jovens, incluindo Nadia, Lamiya e as suas irmãs, foram raptadas, compradas e vendidas várias vezes, e exploradas para fins de escravatura sexual.
Lamiya Aji Bashar também foi explorada como escrava sexual, juntamente com as suas seis irmãs. Foi vendida cinco vezes entre os militantes e forçada a fabricar bombas e coletes suicidas em Mossul depois de os militantes do Daesh executarem o seu pai e os seus irmãos.
Em Novembro de 2014, Nadia Murad conseguiu fugir com a ajuda de uma família vizinha, que a retirou clandestinamente da zona controlada pelo Daesh, permitindo-lhe seguir para um campo de refugiados no norte do Iraque e depois para a Alemanha. Um ano mais tarde, em Dezembro de 2015, dirigiu-se ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na sua primeira sessão sobre tráfico de seres humanos com um discurso de grande impacto sobre a sua experiência. Em Setembro de 2016, tornou-se a primeira Embaixadora da Boa Vontade do UNODC para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico de Seres Humanos, participando em iniciativas de sensibilização globais e locais sobre a difícil situação das inúmeras vítimas do tráfico de seres humanos. Em Outubro de 2016, o Conselho da Europa homenageou-a com o Prémio dos Direitos Humanos Václav Havel.
Ao anunciar a decisão, o presidente do PE, Martin Schulz, disse que Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar "partilharam um passado triste e trágico", mas "sentiram que tinham de sobreviver e lutar por aqueles que tiveram de deixar para trás".
Martin Schulz elogiou a "coragem destas duas mulheres" para lutar contra a impunidade daqueles que cometeram "crimes horríveis" contra a comunidade yazidi no Iraque. "São a voz de tantas vítimas do Estado Islâmico e mostram que é possível defender a liberdade e lutar contra a injustiça", disse o presidente do PE.
A atribuição do Prémio Sakharov a Nadia Murad e a Lamiya Aji Bashar mostra que "a sua luta não foi em vão e que estamos preparados para ajudá-las na luta contra o sofrimento e a brutalidade infligidos pelo autoproclamado Estado Islâmico, aos quais ainda estão expostas tantas pessoas", afirmou o presidente do PE. "Foram capazes de fugir para a Europa e de encontrar aqui um porto seguro", acrescentou.
O prémio deverá ser entregue em 14 de Dezembro em Estrasburgo.
Os outros dois finalistas na edição deste ano do Prémio Sakharov eram o jornalista turco Can Dundarn, detido depois de o jornal que dirige ter noticiado o alegado contrabando de armas dos serviços de informações do país para rebeldes na Síria, e Mustafa Dzhemilev, líder tártaro na Crimeia (território ucraniano anexado pela Rússia) que defende os direitos humanos e das minorias há mais de 50 anos.
O Prémio Sakharov da liberdade de pensamento, no valor de 50 mil euros, foi entregue em 2015, ao 'blogger' saudita Raif Badawi que cumpre uma pena de dez anos de prisão por "insultos ao Islão".
Nelson Mandela e o dissidente soviético Anatoly Marchenko (a título póstumo) foram os primeiros galardoados, em 1988.
Em 1999, o galardão foi entregue a Xanana Gusmão (Timor-Leste) e, em 2001, ao bispo Zacarias Kamwenho (Angola).