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Osborne: "O drama grego ainda não terminou"

O ministro britânico das Finanças reuniu-se a sós com o seu colega grego Yanis Varoufakis para apelar a uma "solução" que ponha termo à incerteza sobre o futuro da Grécia no euro.

Reuters
10 de Março de 2015 às 18:33
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O ministro britânico das Finanças reuniu-se a sós com o seu colega grego à margem da reunião do Ecofin desta terça-feira, e no final desse encontro, em Bruxelas, avisou no twitter: "Infelizmente o drama grego ainda não terminou".

 

Segundo George Osborne, o encontro serviu para apelar ao Governo grego e ao Eurogrupo para "encontrarem uma solução". Osborne recebeu Varoufakis em Londres no início de Fevereiro, tendo então considerado que a incerteza sobre o futuro da Grécia é um dos maiores riscos para a economia mundial.

 

O debate sobre a Grécia no Eurogrupo de ontem foi curto e a mensagem também. Com os cofres do Estado quase vazios, Atenas não pode perder mais tempo, pelo que as "verdadeiras" negociações, como lhes chamou o presidente do Eurogrupo, sobre o novo pacote de reformas que Atenas se propõe executar irão arrancar amanhã entre os representantes do Governo grego e das três instituições da troika.

 

"A minha sensação é que perdemos duas semanas a discutir quem se encontra com quem, em que formato e onde", lamentou  Jeroen Dijsselbloem, no final de um encontro em que alguns ministros, designadamente o espanhol e o alemão, voltaram a pronunciar a palavra  troika. "Não desperdiçámos tempo; antes respondemos com muita rapidez às condições que herdámos", contrapôs o ministro grego Yanis Varoufakis.

 

Segundo explicou Dijsselbloem, o mais urgente agora é chegar a um acordo entre Atenas e as três instituições (Comissão, FMI e BCE), sobre o quadro global das medidas que serão implementadas pelo governo grego, que disse querer substituir 30% das acordadas pelo anterior Executivo. Logo que as medidas comecem a ser implementadas, o presidente do Eurogrupo repetiu ser favorável a que se antecipe parte da última fatia do empréstimo de 7,2 mil milhões de euros que ainda resta no âmbito do actual resgate.

 

"Estou disponível para discutir uma transferência antecipada mas apenas quando tivermos um acordo sobre a totalidade do programa e atestarmos progressos na implementação". "Foram os compromissos assumidos pelo governo grego que permitiram a extensão do programa [até ao fim de Junho] pelo que é fundamental que  sejam agora concretizados", acrescentou o comissário dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici.


Ambos confirmaram que o Eurogrupo não discutiu em detalhe as sete propostas gregas, argumentando que esse trabalho cabe aos técnicos. "É um ponto de partida; seguramente não o de chegada", resumiu Dijsselbloem. Varoufakis concordou: "São apenas as primeiras reformas. O Governo está pronto para adicionar mais a esta lista", respondeu aos jornalistas.

 

Sem resposta ficou ontem a pergunta sobre se os cofres de Atenas estão a ficar vazios. Sem acesso aos mercados financeiros, que continuam a cobrar juros proibitivos - as "yields" a dez anos ultrapassaram hoje a barreira dos 10% -, Atenas está também a sofrer uma quebra acentuada de receitas fiscais: em Janeiro e Fevereiro, os gregos terão pago quase menos dois mil milhões de euros de impostos do que em igual período do ano passado, na expectativa de alterações ou de uma amnistia fiscal como prometia o Syriza.

 

Este aperto surge numa altura em que a Grécia tem de reembolsar 1,5 mil milhões de euros ao FMI e refinanciar cerca de 3,2 mil milhões de euros de bilhetes do tesouro, de curto prazo.

 

Escreve a Reuters que, para ajudar a aliviar a iminência de uma crise de liquidez, o governo pretende agora usar 555 mil milhões de euros estacionados no Fundo Helénico de Estabilidade Financeira - o veículo de resgate dos bancos que foi usado em 2012 para recapitalizar o sector.

 

Nessa altura, os quatro maiores bancos do país pagaram comissões pelo uso desses fundos, e é esse valor que poderá ser usado pelo Estado grego. Ontem, Klaus Regling, o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade – para o qual voltaram os 11 mil milhões de euros ainda não gastos da linha da troika para a banca grega – disse que não iria reclamar esse dinheiro das comissões.

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