Já Wolfgang Schäuble coloca, totalmente, de parte a hipótese de o Reino Unido continuar a beneficiar do mercado único, com um modelo semelhante ao da Suíça ou da Noruega, caso o Brexit vença o referendo de 23 de Junho. "Não vai acontecer", garantiu o ministro das Finanças alemão em entrevista à revista Der Spiegel, explicando que, para continuar a beneficiar do mercado único, o Reino Unido teria que obedecer às regras de um clube do qual actualmente quer sair. "Se a maioria dos britânicos optar pelo Brexit, será uma decisão contra o mercado único. Dentro é dentro. Fora é fora. Temos que respeitar a soberania do povo britânico", prosseguiu Wolfgang Schäuble.

O responsável pela pasta das Finanças admite nesta entrevista, citada pelo jornal britânico de The Guardian, que a vitória do Brexit pode levar outros países a questionar a sua permanência na União Europeia. "[É uma hipótese que] não pode ser descartada. Por exemplo, como é que a Holanda, aliado histórico do Reino Unido, vai reagir?" questiona Schäuble.

O multimilionário George Soros vai mais longe e argumenta que a saída do Reino Unido, a par dos problemas da Grécia e da crise migratória, pode levar à desintegração da União Europeia. "Se o Reino Unido sair pode ocorrer um êxodo geral e, nesse caso, a desintegração da União Europeia será praticamente inevitável", alertou Soros em entrevista concedida ao The Wall Street Journal, citada pelo britânico The Guardian, onde se mostrou confiante na vitória da permanência do país no espaço europeu.

Já o antigo presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, alertou para os riscos de desintegração do Reino Unido. "Espero profundamente que o Brexit não venha a ocorrer. Seria uma catástrofe para o Reino Unido", afirmou em entrevista à Bloomberg TV, acrescentando que está em causa a própria integridade do Reino Unido.

Wolfgang Schäuble acredita que, caso o Brexit vença, os britânicos vão perceber que tomaram a decisão errada. "E aí iremos aceitá-los de volta, se for isso que eles quiserem."