"Nós seremos maiores, o Reino Unido será maior se ficar na União Europeia – e será uma ‘Little England’ se a deixar". Foi esta a principal mensagem repetida por David Cameron perante os telespectadores britânicos da ITV nesta terça à noite, num debate em que respondeu a perguntas da audiência ao lado de Nigel Farage, o líder do UKIP, partido eurocéptico e o principal defensor da saída do país (Brexit).

Ao longo de 25 minutos, Cameron enfatizou seu argumento central: se o referendo do dia 23 resultar num Brexit a economia britânica vai sofrer. "Se você ama este país, não vai prejudicar a nossa económica nem vai isolá-lo", apelou, ao mostrar-se igualmente preocupado com a desagregação do próprio Reino Unido. "Preocupa-me a possibilidade de um segundo referendo escocês", disse, referindo-se à probabilidade de a Escócia, mais europeísta, querer voltar a referendar a independência para pedir, de seguida, a adesão à UE.

Relata o Político que o líder UKIP tão pouco esteve mal, ao jogar forte a cartada patriótica, argumentando que Bruxelas tomou para si demasiadas decisões que, em seu entender, deviam ser tomadas em Londres. Farage jogou ainda a cartada da imigração, alegando que as famílias médias britânicas estão a sofrer uma queda de 10% nos seus padrões de vida por causa dos estrangeiros.

Farage foi pressionado em várias ocasiões para tranquilizar os eleitores de que, uma saída da UE, não significará um revés nos direitos das minorias britânicas, alegando inclusive que o cenário de Brexit seria "melhor para as pessoas negras".

Na avaliação do Politico, Cameron esteve ligeiramente melhor que Farage, o político mais controverso e divisivo do campo do "Leave" que há quatro sondagens consecutivas surge à frente do "Remain". Haverá ainda mais um debate na TV com o primeiro-ministro no domingo 19, antes do referendo que terá lugar na quinta-feira seguinte.