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Orbán diz que pode haver "pacto secreto" para a UE acolher mais 500 mil refugiados

O primeiro-ministro húngaro revelou que Merkel e Erdogan terão feito um "pacto secreto" que poderá trazer para a União Europeia mais meio milhão de refugiados sírios que estão na Turquia. Bruxelas ameaça suspender a Grécia do Espaço Schengen.

Reuters
02 de Dezembro de 2015 às 13:45
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À margem da Cimeira União Europeia–Turquia, que decorreu no passado fim-de-semana, em Bruxelas, terá ficado estabelecido um "pacto secreto", que não consta do acordo final, e que poderá passar pelo acolhimento, por parte da União Europeia, de cerca de meio milhão de refugiados além dos 160 mil já acordados.

 

A revelação foi feita esta quarta-feira, 2 de Dezembro, pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán (na foto), que, num fórum étnico realizado em Budapeste, disse que a Alemanha e a Turquia poderão ter feito um "pacto secreto" que trará para os Estados-membros da UE mais 400 a 500 mil refugiados sírios que permanecem em campos de acolhimento turcos.

 

"Além daquilo que acordámos com a Turquia em Bruxelas há uma coisa que não consta do acordo", revelou Orbán antes de acrescentar estar convicto de que esse plano poderá ser anunciado ainda esta semana por Berlim. O líder húngaro considera que o acolhimento desse número de refugiados sírios, que deverão chegar à UE "directamente da Turquia", representa uma "absurda coligação" europeia com os traficantes de seres humanos.

 

No entender do primeiro-ministro da Hungria, a concretização deste alegado plano irá exercer "uma pressão intensa sobre nós e os outros países do grupo de Visegrado (República Checa, Polónia e Eslováquia)". Desde o agravar da crise dos refugiados, a Hungria tem-se afirmado como forte opositor às medidas europeias de acolhimento de refugiados, designadamente contra o plano de distribuição dos mesmos mediante a adopção de quotas compulsórias. A Polónia, em especial desde que o Lei e Justiça venceu as legislativas de Outubro com maioria absoluta, e a Eslováquia também já se opuseram às directivas vindas de Berlim.

 

Como tal, esta manhã Viktor Orbán criticou novamente o tipo de acordo que "estabelece não apenas que devemos trazer essas pessoas (refugiados) para a Europa, mas dividi-los entre nós como tratando-se de uma obrigação", disse citado pela Reuters. O líder húngaro avisa que "não podemos aceitar" esta "desagradável surpresa que aguarda os europeus".

 

Na Cimeira UE-Turquia ficou definido que Bruxelas vai canalizar para Ancara três mil milhões de euros. Este montante servirá para ajudar a Turquia a gerir e proceder à triagem dos migrantes. A Turquia acolhe actualmente mais de dois milhões de migrantes no seu território. Em troca, Bruxelas aceitou reiniciar e revitalizar o processo de adesão da Turquia à UE.

 

Contudo, o plano de que agora fala Viktor Orbán poderá estar relacionado com o facto de o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter criticado a UE por só agora acordar para um problema com que a Turquia se depara desde o início da guerra civil na Síria, em 2011. Erdogan chegou mesmo a contabilizar o esforço feito pelo seu país na gestão dos refugiados em 7,2 mil milhões de euros, levando Angela Merkel, chanceler alemã, a reconhecer que a Europa poderia ter de se aproximar do esforço já feito pela Turquia. 

UE ameaça suspender a Grécia do Espaço Schengen

 

O Financial Times avançava na terça-feira à noite que a Grécia poderá ser suspensa do Espaço de livre circulação Schengen, o que a verificar-se representará a primeira vez que tal acontece desde que o acordo foi estabelecido em 1985.

 

As "sérias deficiências" apontadas por Bruxelas à capacidade de controlo fronteiriço das autoridades helénicas levaram a UE a oferecer a Atenas o apoio de uma força especial, constituída para o efeito, da Frontex, a agência responsável pelo controlo das fronteiras externas europeias.

 

No entanto, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem-se mantido relutante em aceitar a ajuda europeia, facto que poderá levar à suspensão do país do Espaço Schengen caso nada seja feito até à Cimeira de Líderes europeus que decorrerá em meados deste mês. O FT garante que o aviso de suspensão foi enviado esta semana para Atenas.

 

A Grécia tem sido um dos países mais afectados pela crise dos refugiados. Acredita-se que, só em 2015, mais de 700 mil migrantes vindos da Turquia já terão chegado a solo grego.

 

Grande parte dos migrantes que pretendem escapar às diversas crises que se fazem sentir no Médio Oriente chegam à Europa através da Turquia, chegando depois ao espaço comunitário através da Grécia. Só depois iniciam a rota da Europa Central em direcção aos países mais vezes escolhidos pelos refugiados: Alemanha e Suécia. Mas, pelo meio, têm de enfrentar as restrições fronteiriças impostas por países como a Croácia ou a Hungria, que já erigiu muros e autorizou as autoridades a disparar contra os migrantes irregulares. 

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