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May propõe encarecer contratação de imigrantes e pôr idosos a pagar mais por cuidados

Estas são duas das propostas dos conservadores para as eleições de Junho, nas quais a primeira-ministra britânica continua à frente nas sondagens.

Reuters
18 de Maio de 2017 às 16:53
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Pôr os idosos a suportar os encargos com os seus cuidados para não sobrecarregar os contribuintes, cobrar mais aos empregadores que recrutem imigrantes de fora da União Europeia, reduzir o saldo migratório, apertar as malhas a empresas estrangeiras que queiram comprar companhias britânicas, eliminar o défice até 2020 ou conseguir um bom acordo no Brexit.


Estas são algumas das propostas apresentadas esta quinta-feira, 18 de Maio, pelo partido Conservador britânico, que candidata às eleições antecipadas de 8 de Junho a actual primeira-ministra Theresa May.

O programa eleitoral oficial, intitulado "Forward Together" ("Em Frente, Juntos" em tradução livre) foi apresentado em Yorkshire. Nas propostas que preenchem 84 páginas, o partido quer responder a cinco desafios: criar uma economia forte que funcione para todos, uma nação forte e unida num mundo em mudança, a grande meritocracia, um contrato renovado entre gerações e segurança e prosperidade na era digital.

Numa altura em que os conservadores estão muito à frente nas sondagens (49% contra os mais directos adversários, os trabalhistas com 34%) e arriscam um resultado próximo do histórico de Margaret Tatcher em 1983, o partido de May pisca o olho tanto aos trabalhistas como aos independentistas do UKIP.

A primeira-ministra pediu ainda "um mandato claro" que lhe permita obter "o melhor acordo possível" nas negociações do 'Brexit' e disse que os conservadores querem fazer do Reino Unido um país "mais forte, mais justo e mais próspero, como nunca antes". Antecipa que as negociações para a saída da União Europeia sejam "duras", mas continua a acreditar que não haver acordo é melhor que haver um mau acordo.

Idosos podem deixar casa a pagar dívidas depois da morte

Uma das propostas eleitorais que promete criar mais discussão é a que defende que sejam os idosos a suportar mais as despesas com os seus cuidados em vez dos contribuintes. Para isso, os donos de propriedades podem vir a ter as suas casas vendidas depois de morrerem para pagar os cuidados que receberam em vez de as transmitirem aos seus herdeiros.

Actualmente a propriedade não está incluída na avaliação dos rendimentos que se faz para determinar quanto pode receber cada pessoa para cuidados. Os conservadores querem garantir que, qualquer que seja o preço dos cuidados, os beneficiários mantêm sempre um património de pelo menos 100 mil libras incluindo o valor da casa de família. 

O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn definiu esta medida como um ataque aos idosos enquanto os liberais-democratas lhe chamaram um "imposto pessoal de morte".

Custo de contratar imigrantes duplica

Outro dos capítulos é a imigração, que os Tories prometem reduzir em 60% e passar para menos de 100.000 a diferença entre entradas e saídas (saldo migratório), actualmente em 273 mil pessoas. Propõe-se ainda duplicar o valor exigido aos empregadores por cada trabalhador imigrante integrado – que venha de fora da União Europeia –, passando este valor a ser de duas mil libras por ano, que serão aplicadas na formação dos trabalhadores britânicos. E aumentar os descontos para o sistema de saúde.

Não ficou esclarecido se, saindo da UE, os conservadores do Reino Unido considerarão os cidadãos da União de forma diferente, mas garantem dar prioridade às preocupações de 140 mil habitantes de outros países da UE que trabalham actualmente para o sistema nacional de saúde britânico. Já o orçamento para cuidados de saúde deverá aumentar para 8.000 milhões de libras no espaço de cinco anos.

IVA não aumenta, IRC cai. IRS e Segurança Social são incógnitas

"Não acreditamos em mercados livres sem rédeas (…) Rejeitamos o culto do individualismo egoísta," refere o manifesto, que promete apertar as malhas para as empresas estrangeiras que queiram comprar companhias britânicas, moralizar os pagamentos de altos cargos nas empresas e obrigar a publicar o rácio de pagamentos de dirigentes e empregados das cotadas. E defende também que se dê voz aos empregados nas administrações, com a nomeação de um administrador representante ou a criação de um conselho consultivo.

Nas contas públicas, mantém-se o compromisso de eliminar o défice em meados da próxima década (dos 2,6% em que ficou no ano fiscal terminado em Março, valor para o qual caiu depois de ter chegado a quase 10% em 2010). Os conservadores garantem ainda que não haverá aumento do IVA e que cortarão o IRC para 17% até 2020. Mas não se comprometem em não aumentar o IRS ou as contribuições para a Segurança Social.

"Se falharmos [no Brexit], as consequências serão terríveis"

Apelidando o processo de saída da União Europeia de "revolução tranquila", May considerou que o desafio central "é ter o melhor acordo na Europa", recusando a realização de um referendo à independência da Escócia até que o Brexit seja efectivo.

"Se falharmos [nas negociações para o Brexit], as consequências para o Reino Unido e a segurança económica dos trabalhadores serão terríveis. Se formos bem-sucedidos haverá grandes oportunidades," notou.

E rejeitou personalizar o programa e as eleições, negando a existência de qualquer espécie de Mayismo neste programa para a quinta maior economia do mundo, avaliada em 2,6 biliões de dólares. "Há bom e sólido conservadorismo que põe os interesses do país e dos trabalhadores no centro de tudo o que fazemos no Governo".

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