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Brexit: Boris Johnson acredita num "bom acordo", mas recusa condições de Bruxelas

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse esta quarta-feira acreditar ainda ser possível "alcançar um bom acordo" pós-Brexit com a União Europeia (UE), mas recusou aceitar alguns das condições que diz estarem a ser propostas por Bruxelas. 

EPA
09 de Dezembro de 2020 às 13:21
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"Ainda é possível alcançar um bom acordo", afirmou aos deputados, no debate semanal na Câmara dos Comuns, manifestando aguardar "com expectativa" o encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esta noite em Bruxelas. 

Porém, queixou-se, "os nossos amigos na Europa estão a insistir que, se eles passarem uma nova lei no futuro a qual este país não respeite ou acompanhe, então querem ter o direito automático de nos castigar e retaliar" e os termos propostos pela UE implicariam que o Reino Unido seria "o único país no mundo a não ter controlo soberano sobre as suas águas de pesca". 

"Não penso que sejam condições que qualquer primeiro-ministro deste país deva aceitar", vincou. 

O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou Johnson de estar "completamente encalhado" na hesitação entre o acordo que sabe que é preciso e o compromisso que "sabe que os seus deputados não o vão deixar fazer", numa referência aos deputados eurocéticos que poderão dificultar a ratificação de um futuro acordo mesmo que o Governo alcance um entendimento com a UE. 

Numa referência a uma fábrica de automóveis que decidiu instalar em França em vez de no País de Gales, o líder do principal partido da oposição lamentou que a demora em alcançar um acordo "para algumas pessoas e postos de trabalho, já é demasiado tarde", mas não foi claro sobre a orientação de voto do 'Labour'. 

"Se houver acordo, e espero que haja acordo, o meu partido vai votar no interesse nacional, não por interesse político", prometeu.  

Ursula von der Leyen recebe hoje em Bruxelas o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para tentar desbloquear as negociações sobre um futuro acordo de comércio apenas três semanas antes da separação final entre Londres e a União Europeia. 

Britânicos e europeus estão há meses em negociações, mas sem progresso sobre as questões mais delicadas, o que aumenta o risco de fracasso com consequências de longo alcance económico.

Os principais pontos de discórdia desde março continuam a ser o acesso europeu às águas britânicas, como resolver disputas no futuro acordo e as garantias exigidas pela UE em Londres em termos de concorrência em troca de um acesso sem direitos aduaneiros ou quotas ao mercado continental.

O Reino Unido deixou a UE no início deste ano, mas continua a fazer parte do espaço económico do bloco de 27 países durante uma transição de 11 meses, enquanto os dois lados tentam negociar um novo acordo de comércio livre que entre em vigor em 01 de janeiro. 

Qualquer acordo deve ser aprovado pelos respetivos parlamentos antes do final do ano.

Um acordo de comércio permitirá que as mercadorias circulem entre o Reino Unido e a UE sem tarifas ou quotas após o final deste ano, mas mesmo com um acordo vai existir mais burocracia e custos para as empresas de ambos os lados do Canal da Mancha.




 
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