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Acordo no Brexit à espera que Boris Johnson termine os trabalhos de casa

Um acordo entre Londres e Bruxelas ficou mais próximo depois de Boris Johnson ter, aparentemente, cedido à exigência de uma fronteira no Mar da Irlanda. Porém, o primeiro-ministro ainda tem de garantir apoio do parlamento britânico.

Reuters
16 de Outubro de 2019 às 20:58
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O Reino Unido e a União Europeia estão em vias de chegar a um novo acordo para concretizar o Brexit, o que está ainda dependente de Boris Johnson assegurar o apoio do parlamento britânico aos termos do divórcio renegociados com Bruxelas.

Fontes comunitárias e britânicas citadas pela imprensa internacional dão conta de que dificilmente será alcançado um acordo final ainda esta noite. Como tal, para firmar um compromisso será preciso prosseguir negociações esta quinta-feira, dia em que tem início um Conselho Europeu que, até sexta-feira, vai tentar concluir o conturbado processo da saída britânica da UE.

O carrossel de emoções do Brexit teve hoje mais uma volta repleta de altos e baixos. Depois de ter sido dada como quase certa a realização de uma nova cimeira extraordinária no final deste mês, dada a aparente impossibilidade de fechar um acordo em tempo útil de ser validado pelos líderes europeus até sexta-feira e, no sábado, votado pela Câmara dos Comuns, ao início da noite desta quarta-feira tudo se encaminha agora para a iminência de acordo.

Em conferência de imprensa conjunta realizada esta tarde, a chanceler alemã e o presidente francês corroboraram a tese de que está mais próximo um compromisso entre os dois lados da negociação. Angela Merkel disse que o diálogo está no "sprint final" e Emmanuel Macron admitiu acreditar ser possível aos líderes dos 27 Estados-membros aprovarem um acordo nesta quinta-feira.

Confiante, embora cauteloso, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson fala numa "oportunidade de conseguir um bom acordo", isto apesar de reconhecer que ainda persistem "várias questões pendentes". Entre as questões por resolver há uma que se destaca: garantir a aprovação, no parlamento britânico, do eventual acordo que seja firmado com a UE.

Para isso Johnson tem de obter o apoio de parte (ou todos) os 21 deputados que expulsou dos "tories" pela votação que impede uma saída sem acordo, bem como dos 10 elementos dos unionistas norte-irlandeses (DUP) ou de um bloco eurocético dos trabalhistas.

E tem ainda de convencer a ala mais eurocética do Partido Conservador (ERG), sendo que tanto o DUP como a ERG rejeitam a criação de uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda, precisamente a opção que permitiu desbloquear o impasse negocial. 

Evolução de Boris bem vista em Bruxelas
Johnson estará disponível para aceder à exigência da União Europeia relativa à criação de uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda, evitando-se assim a criação de uma fronteira física terrestre entre as duas Irlandas, o que manteria a Irlanda do Norte no mercado único europeu.

Isto porque Dublin, assim como o conjunto dos líderes europeus, rejeitam o essencial do plano alternativo apresentado pelo primeiro-ministro britânico, o qual pressupunha a retirada da Irlanda do Norte do mercado único e a eliminação do backstop (cláususa de salvaguarda para impedir controlos rígidos na fronteira irlandesa).

Por sua vez, até aqui o DUP (tal como a ERG) sempre recusou a possibilidade de a Irlanda do Norte ficar alinhada com o mercado único sem que tal aconteça com a Grã-Bretanha, o que vêem como um factor que pode colocar em causa a integridade do conjunto do Reino Unido. Os unionistas consideram inaceitável uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda, pois consideram que isso implicaria que a Irlanda do Norte tivesse um tratamento diverso face ao do restante Reino Unido. 
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