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Refugiados ucranianos que trabalham com criptos encontram segurança em Portugal
O Near Protocol, um promissor projeto blockchain, está a aumentar a sua presença em Portugal e converteu-se num apoiante dos refugiados que estão a fugir da guerra.
Maria Yarotska conduziu durante seis dias pela Europa, num Fiat, com a sua mãe, filha e cão, para fugir à guerra na Ucrânia. Terminou a sua viagem em Lisboa e, ao contrário de milhares de refugiados que fizeram esta viagem de cerca de 4.000 quilómetros para chegarem ao país mais a ocidente da Europa, ela será capaz de manter o seu emprego, conta a agência Bloomberg.
E isto porque a entidade empregadora de Maria – o Near Protocol, um promissor projeto blockchain – está a aumentar a sua presença em Portugal e converteu-se num apoiante dos refugiados que estão a fugir da guerra.
O protocolo usado pela Near visa incentivar uma rede de computadores a operar uma plataforma para programadores criarem e lançarem aplicações descentralizadas (dApps). O projeto central do protocolo Near é o conceito de fragmentação, um processo que visa dividir a infraestrutura da rede em diversos segmentos para que os computadores, também conhecidos como nodes, tenham que lidar apenas com uma fração das transações da rede, explica o Guia do Investidor.
"Tenho muitos colegas aqui", disse Maria, de 35 anos, numa entrevista telefónica à Bloomberg, a partir de Lisboa – a cidade onde estava alojada a pensar que seria por pouco tempo, mas que entretanto se vislumbra como um projeto de fixação a mais a longo prazo ao ter-lhe sido disponibilizado um espaço onde ficar de forma permanente. "Estão a ajudar-me a legalizar os meus documentos, por isso posso ficar", contou.
Tal como muitos outros países europeus que estão a acolher refugiados ucranianos, Portugal está a absorver muitas pessoas que fogem da guerra. "Mas quem trabalhava com criptos na Ucrânia – país que se tinha tornado um pólo de negócios – poderá descobrir que é mais simples começar de novo em Portugal do que noutros países europeus", sublinha a Bloomberg.
Um dos motivos está no facto de Portugal estar já a transformar-se num hub para quem trabalha com criptos, uma vez que não tributa os ganhos com moedas digitais, além de ter preços razoáveis de alojamento e temperaturas amenas. Tudo isto, salienta a agência, se conjuga para atrair para Portugal os adeptos das criptomoedas.
Outra razão prende-se com o facto de Portugal ser já há muito tempo um país de acolhimento de ucranianos. Antes da invasão da Rússia, os ucranianos eram o quinto maior grupo em Portugal.
Nas últimas três semanas, o país já recebeu mais de 13.000 novos ucranianos, depois de o Governo ter criado medias para agilizar e simplificar a entrada destas pessoas que fogem da guerra. Esse número praticamente corresponde a todos os refugiados que chegaram a Portugal desde 2015, segundo o SEF.
Assim, os ucranianos em Portugal ascendem já a cerca de 40.000, contra 27.200 no ano passado, tornando-os no terceiro maior grupo de expatriados no país.
Em outubro passado, aquando da sua passagem por Lisboa, o diretor executivo da Near Protocol, Illia Polosukhin, disse em entrevista à Exame Informática que estava a ponderar a criação de um centro empresarial em Portugal dedicado especificamente a projetos de aplicações descentralizadas.
"Estamos a explorar montar um centro aqui também", adiantou o porta-voz da tecnológica, que já tem centros na China e na Ucrânia. "Vou estar em Lisboa durante um mês. Ouvi que o novo presidente da Câmara [Carlos Moedas] quer uma fábrica de unicórnios. É muito entusiasmante, pois é literalmente como pensamos também as nossas métricas. E se pudermos estar alinhados nisso, será incrível", sublinhou.