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Autoridades ucranianas dizem que Rússia atacou ferrovias em todo o país
Acompanhe aqui minuto a minuto o conflito na Ucrânia e o impacto nos mercados.
Autoridades ucranianas dizem que Rússia atacou ferrovias em todo o país
Autoridades ucranianas disseram esta terça-feira que os miliares russos atacaram as infraestruturas ferroviárias em todo o país, tendo provocado danos elevados e o atraso de pelo menos 14 comboios.
O responsável pela gestão dos caminhos de ferro estatais ucranianos, Oleksandr Kamyshin, adiantou que os ataques russos atingiram hoje seis estações ferroviárias nas regiões central e ocidental do país.
O governador da região de Dnipro, Valentyn Reznichenko, referiu que mísseis da Rússia atingiram a infraestrutura ferroviária na zona, deixando uma pessoa ferida e interrompendo a circulação dos comboios.
Os militares ucranianos também descreveram ataques a ferrovias na região de Kirovohrad, dizendo que houve vítimas indeterminadas.
Deputados portugueses convidados por homólogos ucranianos a irem ver 'in loco' crimes russos
Deputados ucranianos fizeram hoje múltiplos convites aos homólogos portugueses para visitarem a Ucrânia e verem presencialmente a destruição e crimes cometidos pelas forças russas, e reforçaram os pedidos de sanções, apoio militar e no processo de adesão à UE.
Os convites repetiram-se nas intervenções, por videoconferência, na primeira reunião conjunta das comissões de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e dos Assuntos Europeus com a Comissão de Integração da Ucrânia na União Europeia (UE), do Parlamento ucraniano.
Numa sessão de quase uma hora e meia, os deputados portugueses condenaram, de novo, a agressão russa à Ucrânia e concordaram que o pedido de adesão à UE deve ser visto tendo em conta "o momento e as circunstâncias excecionais", para que não demore anos.
Sérgio Sousa Pinto, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, salientou que os deputados portugueses estão "muito cientes da vontade da Ucrânia de aderir à UE" e manifestou "amizade, solidariedade e apoio".
Disse ainda esperar que "a pouca ajuda militar" que Portugal está a conseguir dar "seja compensada pelo apoio e integração de milhares de ucranianos acolhidos".
Já Capoulas Santos, em nome da Comissão de Assuntos Europeus, além de manifestar apoio para a adesão à UE, sublinhou a "disponibilidade para aprofundar a cooperação neste domínio" e também para "aproveitar todas as potencialidades" dos acordos que já existem".
Ivana Klympush, presidente da Comissão Parlamentar da Ucrânia para a Integração Europeia, foi a primeira a convidar os deputados portugueses a irem ao Parlamento ucraniano, mas também a cidades destruídas pelos ataques russos.
As fotografias e as reportagens não mostram da mesma maneira do que "ver com os próprios" olhos, disse, numa intervenção em que repetiu o agradecimento do apoio dado por Portugal, sobretudo com o acolhimento a ucranianos que fogem da guerra, nas sanções adotadas a nível europeu e também junto das instituições internacionais, como as Nações Unidas.
Os parlamentares ucranianos pediram, contudo, mais e sobretudo que o apoio seja continuado, salientando que o que os ucranianos querem é vencer e acabar com esta guerra para que os seus cidadãos possam voltar e ajudar a reconstruir país.
Também sobre o pedido de adesão ao bloco europeu, a presidente da Comissão pediu que esse apoio do Parlamento e do Governo português "seja levado até ao momento da decisão".
Ivana Klympush e outros parlamentares que intervieram sublinharam também a necessidade de apoio jurídico de Portugal para investigar os crimes de guerra cometidos pelas tropas de Vladimir Putin, o Presidente russo, e a luta contra a propaganda russa.
Outros pedidos que os deputados portugueses ouviram, para conseguir derrotar Mosocovo, foram que os portos portugueses não recebam navios russos, que Portugal apoie o embargo à compra a gás e petróleo russo pelos países da UE, que haja mais ação sobre os oligarcas e as empresas russas, que não se trabalhe com jornalistas russos.
Lusa
Rússia acusada de impedir a exportação de cereais da Ucrânia e de os roubar
A União Ucraniana de Industriais e Empresários (USPP, na sigla em ucraniano) solicitou hoje ajuda a organizações internacionais para a abertura de um corredor que permita a exportação do grão bloqueado nos portos devido à invasão russa.
Cerca de 4,5 milhões de grãos estão bloqueadas nos portos ucranianos por causa do ataque russo, afirmou a organização em comunicado.
Por esta razão, as exportações estão a ser feitas apenas por via terrestre, através das ligações ferroviárias e rodoviárias ao oeste do país, o que permite exportar apenas um milhão de toneladas por mês.
Antes da guerra, as exportações anuais por barco atingiam os 160 milhões de toneladas, contrastou a USPP, que reforçou a diferença ao dizer que dessa forma o complexo agroindustrial ucraniano alimentava 400 milhões de pessoas.
"A guerra da Federação Russa contra a Ucrânia transtornou a estabilidade alimentar no mundo e colocou as regiões mais vulneráveis em risco de sofrerem fome", denunciou a organização.
Por isso, pediu ao governo de Kiev que solicite ajuda de outros Estados e organizações internacionais para organizar de forma conjunta um corredor marítimo que permita exportar o grão que está bloqueado em portos como os de Odessa e Nikolaev.
"É claro que é uma tarefa difícil, mas pelo menos devemos começar consultas com a ONU e os Estados aliados. É uma área de interesse comum", destacou no texto.
O presidente da USPP, Anatoly Kinakh, assinalou também que existem acordos com a Alemanha e Lituânia para criar uma "ponte de grão", usando para tal a ferrovia europeia e uma rede de terminais.
"Isto multiplicaria por cinco a capacidade de exportação, mas o número anual continuaria a ser entre 65 milhões e 70 milhões, metade das exportações marítimas", comparou Kinakh.
O ataque russo à Ucrânia afetou fortemente as enormes exportações de trigo e outros cereais, o que, segundo a agência da ONU para a alimentação (FAO, na sigla em Inglês), contribuiu para que os preços dos alimentos tenham subido para máximos dos últimos 30 anos.
Hoje soube-se também que a Ucrânia espera para este ano apenas dois terços da sua produção habitual, o que vai encarecer os preços e provocar fome em vários locais do mundo.
O economista ucraniano Oleh Pendzyn, em declarações à radio de Kiev Hromadske Radio, salientou que a invasão russa prejudicou gravemente as colheitas ucranianas, o que vai ter consequências graves.
"Se a Ucrânia não exportar para os nossos mercados tradicionais, a comida não vai aparecer fisicamente nesses territórios e os preços os vereais vão subir", disse.
Além das colheitas que não se podem fazer, devido aos bombardeamentos, o economista apontou que os russos estão a destruir as reservas de cereais da Ucrânia.
"Paralelamente à interrupção das exportações de cereais, a Federação Russa está a bombardear silos com grãos, armazéns com fertilizantes e enormes reservas de combustível e lubrificantes. Estão a fazer tudo o que podem para que a Ucrânia perca das suas capacidades agrícolas". É que "a Ucrânia e a Federação Russa competem nos mesmos mercados de alimentos em todo o mundo", descreveu.
Oleh Pendzyn recordou que, segundo a ONU, a invasão russa da Ucrânia e o bloqueio dos portos marítimos ucranianos podem provocar a fome de 1,7 mil milhões de pessoas, o que representa mais de um quinto da população mundial.
Sindicatos agrícolas de Espanha estimam que a Ucrânia e a Federação Russa representam 30% da produção mundial de trigo, 20% da de milho e metade da de girassol, além de serem também a principal origem dos fertilizantes usados na Europa.
Os ataques russos que visam a produção agrícola da Ucrânia já levaram as autoridades do país atacado a acusarem os dirigentes de Moscovo de quererem repetir a grande fome do 'Holodomor' estalinista, que causou a morte a milhões de ucranianos na década de 1930 do século passado.
A acusação foi feita depois de um bombardeamento russo a instalações agrícolas ucranianas de alta tecnologia.
"O objetivo é o 'Holodomor'. Os ocupantes bombardearam o elevador de Rubizhne", disse o chefe da administração militar ucraniana de Luhansk, Serhiy Gaidai, em mensagem colocada na rede social Telegram, divulgada pela agência noticiosa Unian.
Imagens de satélite do Planet Lab mostram que o recinto da empresa Golden Agro foi atingido por potentes bombas, que destruíram totalmente o complexo de elevadores inaugurado em 2020, que podia armazenar até 30 mil toneladas de grãos.
Gaidai acrescentou que "na empresa tinha sido instalado um laboratório com equipamentos de última geração" e acusou os russos de quererem "organizar um 'Holodomor'".
Como disse, "nas cidades ocupadas registaram-se casos de exportação de cereais ucranianos para a Federação Russa", acrescentando que "antes, os invasores também destruíram todos os armazéns de alimentos em Severodonetsk".
O vice-ministro ucraniano da Política Agrícola, Taras Vysotski, declarou no sábado que as tropas russas apreenderam "centenas de milhares de toneladas" de cereal nos territórios ocupados e que se espera que apreendam a maior parte do que não está armazenado, estimado em milhão e meio de toneladas.
O portal noticioso ucraniano LB denunciou há uma semana que na região de Kherson, controlada pelas tropas russas, as forças de Moscovo só permitem aos agricultores fazer as sementeiras se se comprometerem a dar depois 70% das colheitas futuras.
Lusa
Bolsas europeias recuperam depois do "flash crash"
As bolsas europeias fecharam hoje em alta, depois de ontem terem sofrido um "flash crash".
Com a bolsa britânica fechada devido ao feriado bancário, o volume de negociação esteve mais baixo na segunda-feira e as bolsas nórdicas lideraram as fortes quedas.
O "flash crash" foi atribuído a um trader do Citigroup, que se enganou ao introduzir uma transação, desencadeando um abrupto selloff nas bolsas do Velho Continente (que por breves momentos perderam 300 mil milhões de euros).
Hoje, a tendência inverteu-se, se bem que tenha sido uma sessão volátil, especialmente devido à expectativa da decisão que a Reserva Federal norte-americana anunciará amanhã no fim da sua reunião de política monetária – prevendo-se que endureça ainda mais o seu posicionamento agressivo para combater a inflação e decida subir os juros diretores em 50 pontos base.
Nesta terça-feira, o Stoxx 600 fechou a somar 0,53%, para 446,20 pontos.
Os setores que mais impulsionaram o índice de referência europeu foram os da energia, automóvel e banca. Já as cotadas do imobiliário negociaram no vermelho.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax somou 0,72%, o francês CAC-40 valorizou 0,79%, o italiano FTSEMIB avançou 1,61%, o britânico FTSE 100 subiu 0,22% e o espanhol IBEX 35 pulou 1,83%. Em Amesterdão, o AEX registou um acréscimo de 1,66%.
"Os mercados europeus subiram esta terça-feira, juntamente com as ações dos EUA, já que os investidores estão a acolher a perspetiva de novas medidas monetárias dos bancos centrais para combater a inflação. Investidores de alta estiveram a comprar depois das quedas nas ações esta manhã, após a maioria dos mercados retroceder para o seu valor mais baixo semanal, com muitos a apostar na antecipação de condições monetárias mais rígidas para mitigar o aumento dos preços", sublinha Pierre Veyret, analista técnico da ActivTrades, na sua análise diária.
Em seu entender, "é provável que a maioria dos investidores já tenha precificado a reunião do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC, da Fed) de amanhã, onde um aumento recorde de meio ponto é amplamente esperado para os juros diretortes. No entanto, mesmo que a Fed e outros bancos centrais consigam tranquilizar os investidores temporariamente, provavelmente será sol de pouca dura, pois os principais desafios macro para a recuperação económica global ainda se mantêm", refere.
"Mesmo que a meta principal continue a ser a inflação, muitos perguntam como a economia como um todo responderá ao fim da ‘festa da liquidez infinita’. Além disso, os bloqueios devido à covid na China, bem como os conflitos militares persistentes na Ucrânia, também estão entre as principais alavancas de baixa e são sinais cautelosos para o mercado", alerta.
Dólar cede ao nervosismo em vésperas de subida de juros pela Fed
A nota verde segue em baixa, com os investidores mais prudentes na véspera da reunião de política monetária da Reserva Federal norte-americana. Espera-se que amanhã a Fed possa ser mais agressiva do que em março e que aumente a taxa diretora em 50 pontos base.
O índice da Bloomberg para o dólar está a ceder 0,2%, com moedas como o euro a valorizar.
A moeda única europeia segue a ganhar 0,39% para 1,0548 dólares, e está também a ser impulsionada pela procura que se seguiu aos relatos de que Itália poderá precisar do gás natural russo durante o inverno.
Juros da zona euro a aliviar antes da reunião da Fed
Os juros das dívidas soberanas da zona euro estão a aliviar na sessão desta terça-feira, na véspera de Jerome Powell anunciar uma possível subida das taxas de juro.
Os juros da dívida alemã a dez anos, a referência para o bloco europeu, está a aliviar 3,1 pontos base, recuando para uma taxa de 0,931%.
Mais acentuada é a descida dos juros da dívida de Itália, também com maturidade a dez anos, que estão a aliviar 3,7 pontos base para 2,82%.
Na Península Ibérica, destaque para o alívio de 3,4 pontos base dos juros da dívida portuguesa a dez anos, para uma taxa de 2,019%. Os juros da dívida espanhola também estão a aliviar, registando uma variação de 2,9 pontos base, para uma taxa de 1,981%.
Ouro recupera com possibilidade de Fed subir juros
O ouro está a recuperar do tombo da sessão anterior, à boleia da antecipação ligada à subida de juros por parte da Fed, que poderá ser mais acentuada do que era antecipado. Os economistas estão a antecipar que a Fed possa vir a subir as taxas de juro em 50 pontos base, com o objetivo de controlar a elevada inflação.
Assim, o ouro está a valorizar 0,72% para 1.876,50 dólares por onça, depois de ontem ter desvalorizado 1,79%, naquela que foi a maior queda desde o final de março.
A amparar a subida do ouro está também o recuo do dólar, que está nesta altura a desvalorizar.
Os restantes metais estão também a recuperar: a prata soma 0,59% para 22,77 dólares por onça, enquanto a platina está a valorizar 2,97% para 966,54 dólares por onça.
Putin diz a Macron que Ocidente pode usar influência para acabar com "atrocidades"
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, instou o Ocidente a usar a sua influência para pressionar Kiev a acabar com as "atrocidades", durante uma conversa telefónica que manteve, esta terça-feira, com o hómologo francês, Emmanuel Macron.
Segundo agências de notícias russas, citadas pela Reuters, Putin disse a Macron que o Ocidente pode ajudar a pôr termo aos "crimes de guerra" e aos "bombardeamentos de cidades e bairros no Donbass" que conduzem à ocorrência de baixas civis.
Moscovo nega a prática de crimes de guerra pelas suas forças militares na Ucrânia, responsabilizando pelas mortes de civis aqueles que descreve como nacionalistas e "neo-nazis", algo que tanto Kiev como o Ocidente contestam.
"O Ocidente pode ajudar a acabar com estas atrocidades exercendo influência apropriada sobre as autoridades de Kiev e suspendendo o fornecimento de armas à Ucrânia", afirmou o Kremlin, em declarações reproduzidas pela agência noticiosa RIA.
Gás nos EUA em máximos de 2008. Petróleo recua
O petróleo alivia, mas o gás natural segue em forte alta nos mercados internacionais. As principais matérias-primas energéticas - que têm negociado ao sabor dos desenvolvimentos na guerra na Ucrânia - estão a ser influenciadas por fatores externos, tomando assim cursos contrários.
No caso do "ouro negro", a desvalorização está relacionada com a evolução da pandemia de covid-19 na China. Os confinamentos decretados no país para controlar o número de casos deverão penalizar a procura por combustíveis.
Assim, o Brent do Mar do Norte, que serve de referência para as importações europeias, cede 0,5% para 107,04 dólares por barril. Já o crude West Texas Intermediate (WTI) – referência para o mercado norte-americano – recua 0,6% para 104,55 dólares por barril.
No gás natural, a cotação do holandês TTF (Title Transfer Facility) avança 3,7% para 100,615 por MWh. Nos EUA, a matéria-prima está a disparar 8,5% para máximos de 2008.
"Os preços do gás natural (NATGAS) dos EUA estão a subir novamente, desta vez, devido à desaceleração do crescimento da produção nos EUA e devido à falta de infraestruturas que estão a condicionar os aumentos da produção e da disponibilidade de gás para os consumidores norte-americanos", explicam os analistas da Xtb.
As principais regiões de produção de gás nos EUA, nomeadamente na Permian e Appalachia, indicam que atingiram o limite de transmissão em gasodutos no país. Isto numa altura em que continua a haver muita incerteza em relação ao fornecimento de gás russo para os países europeus.
Wall Street à espera da Fed. Nasdaq a desvalorizar
Os três índices norte-americanos arrancaram a sessão desta terça-feira com ganhos ligeiros, à exceção do índice tecnológico Nasdaq. O industrial Dow Jones avançava 0,25% no arranque para 33.143,56 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite recua 0,2% para 12.510,72 pontos e o S&P 500 avança 0,17% para 4.162,58 pontos.
A antecipação da reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos, que está marcada para esta quarta-feira, sendo expectável uma subida das taxas de juro, está no centro das atenções dos investidores.
Esta terça-feira, o tema da subida dos juros também foi mencionado por Kenneth Rogoff, antigo economista chefe do FMI. De acordo com Rogoff, a Fed ainda terá de subir as taxas de juro até 5% para aliviar a inflação galopante que chega num momento em que o mundo enfrenta uma "tempestade perfeita" de potenciais recessões.
Enquanto a decisão da Fed não é anunciada - Jerome Powell deverá tecer comentários ao final da tarde desta quarta - a época de resultados continua em Wall Street. Esta terça-feira é a vez de empresas como a Airbnb, a AMD, a Lyft ou a Starbucks divulgarem contas trimestrais.
Rússia finta "default". Credores recebem pagamentos em dólares
Um dia antes do fim do prazo para que a Rússia entrasse no seu primeiro "default" em cem anos, três investidores que pediram para não ser identificados confirmaram à Bloomberg que os seus bancos receberam os montantes dos pagamentos relativos a dívida pública em dólares, como estava estipulado.
Moscovo tinha adiantado na sexta-feira que os pagamentos já tinham sido feitos, depois de inicialmente ter tentado pagar em rublos 649 milhões de dólares referente a duas linhas de obrigações, cujos cupões venciam a 4 de abril. Os supervisores internacionais classificaram o uso da moeda russa como uma "potencial falha de pagamento", tendo começado a contar um período de carência de 30 dias que terminaria esta quarta-feira.
Papa Francisco pediu encontro com Putin, mas continua à espera
O papa Francisco afirmou ter-se oferecido para ir a Moscovo encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, para dialogar sobre a guerra na Ucrânia, mas continua à espera de resposta.
Em entrevista ao Corriere della Sera, publicada esta terça-feira, o pontífice contou que enviou uma mensagem ao Kremlin 20 dias após a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, ocorrida a 24 de fevereiro, através do principal diplomata da Santa Sé.
Ao jornal italiano, Francisco, de 85 anos, partilhou ainda que recentemente conversou com o líder da Igreja Ortodoxa da Rússia, via Zoom, durante 40 minutos, revelando que o patriarca Kirill passou metade do tempo a debitar justificações para a guerra na Ucrânia que apoia.
"Ele não pode transformar-se num acólito de Putin", realçou.
Esta foi a primeira vez que o papa Francisco, que fez uma visita sem precedentes à embaixada russa depois de o conflito estalar, fez uma referência pública e explícita à Rússia e a Putin desde a guerra, embora tenha deixado claro de que lado se encontra pelos termos que usou, como agressão injustificada ou invasão, e por lamentar as atrocidades cometidas contra civis.
Putin retalia e ordena sanções económicas contra Ocidente
O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto que dá luz verde à imposição de sanções económicas retaliatórias, em resposta às "ações hostis de determinados Estados e organizações internacionais", anunciou, esta terça-feira, o Kremlin,
Do documento não consta qualquer informação relativa aos indivíduos ou entidades afetadas pelas medidas. No entanto, ao abrigo do decreto, a Rússia vai proibir a venda de produtos e de matérias-primas aos que se encontrem visados pelas sanções.
Segundo a agência Reuters, o diploma também interdita as transações com indivíduos ou empresas estrangeiros atingidos pelas medidas retaliatórias de Moscovo, além de permitir às contrapartes russas que não cumpram as suas obrigações para com eles.
Estabelece ainda que o Governo tem dez dias para compilar a lista de indíviduos e empresas estrangeiros que serão alvo de sanções, assim como para definir "critérios adicionais" para a série de transações que podem ser sujeitas a restrições.
Eslováquia vai procurar isenção de eventual embargo ao petróleo russo aprovado pela UE
A Eslováquia vai procurar ficar isenta de qualquer embargo ao petróleo russo que a União Europeia (UE) venha a acordar na próxima ronda de sanções contra Moscovo por causa da invasão da Ucrânia, afirmou, esta terça-feira, o Ministério da Economia eslovaco
A Comissão Europeia prepara o sexto pacote de sanções contra a Rússia, um trabalho que se espera, aliás, que fique concluído hoje.
E, segundo duas fontes oficiais da União Europeia (UE), citadas pela agência Reuters, o executivo comunitário poderá poupar a Eslováquia e a Hungria da aplicação de um eventual embargo à compra de petróleo russo, consciente da elevada dependência dos dois países do crude russo.
A Eslováquia obtém quase todas as importações de petróleo da Rússia através do oleoduto da era soviética Druzhba e, segundo o governo, tem atualmente reservsa para 120 dias, ou seja, quatro meses.
"Se for aprovado um embargo ao petróleo no quadro das sanções adicionais contra a Rússia, a Eslováquia vai solicitar uma isenção", revelou o Ministério da Economia do país, numa resposta escrita à agência Reuters.
Considerando que o processamento de diferentes tipos de petróleo não era possível a breve trecho e que uma mudança de tecnologia era não só financeiramente difícil como demorada, o Ministério da Economia da Eslováquia indicou que a ideia será pedir "um prolongamento do período de transição para o petróleo transportado por oleoduto".
Europa arranca no verde. Só Lisboa negoceia no vermelho
Depois da sessão desta segunda-feira, marcada por um "flash crash", devido a um erro de um investidor intermediado pelo Citigroup e já de olho na reunião da Reserva Federal norte-americana que arranca amanhã, a Europa arrancou a sessão desta terça-feira no verde.
O "benchmark" europeu por excelência, Stoxx 600, segue a ganhar 0,71% para 446,97 pontos. Dos 20 setores que compõe o índice, energia e banca comandam os ganhos.
Entre os principais movimentos de mercado é de destacar a subida de 3,05% das ações da BP, depois da petrolífera ter aumentado a recompra de ações em 2,5 mil milhões de dólares e ter melhorado o "cash flow" durante o primeiro trimestre, segundo o relatório e contas divulgado esta manhã.
Também o BNP Paribas é protagonista do arranque da sessão desta manhã, disparando mais de 4% , depois de reportar um aumento de 19% no lucro, motivado sobretudo pelo aumento do volume de negociação de ações.
Nas restantes praças europeias, Amesterdão comanda os ganhos, estando a somar 1,61%, acompanhada de Madrid (1,35%) e Paris (1,24%).
Por sua vez o alemão DAX sobe 0,81%, enquanto o britânico FTSE – que esta segunda-feira esteve fechado eà negociação devido ao feriado britânico negoceia na linha de água com uma perda ligeira de 0,07%.
Já o português PSI regista uma queda 0,27%, sendo a única entre as principais praças europeias que está nitidamente a negociar no vermelho.
"O principal evento desta semana é a reunião da Fed que começa amanhã e tenho a impressão de que o mercado agora está bem preparado e antecipou o movimento [‘hawkish’]", defendeu Alberto Rocchio, da Kairo Partners, citado pela Bloomberg.
O mercado está ainda a ser tranquilizado pela "earnings season" europeia. "Depois de um arranque morno, as coisas melhoraram nos últimos dias, com cerca de 56% das empresas a superarem as estimativas e 26% a ficar abaixo", escreveram os estrategas do Morgan Stanley, citados pela Bloomberg.
Yield das bunds alemãs a dez anos acima de 1% pela primeira vez desde 2014
Os juros das dívidas soberanas a dez anos estão a agravar na zona euro e nos EUA, um dia antes antes da reunião da Reserva Federal norte-americana (Fed), que deverá anunciar a maior subida das taxa de fundos federais como não era visto há mais de 20 anos.
A yield das bunds alemãs a dez anos – "benchmark" para o mercado europeu – segue a agravar 4,8 pontos base, ultrapassando pela primeira vez desde setembro de 2014 a linha psicológica de 1%, mais concretamente 1,009%.
Os juros das obrigações italianas com a mesma maturidade seguem a tendência e agravam 3,6 pontos base para 2,893%, assim como a yield da dívida francesa a dez anos que sobe 4,0 pontos base para 1,528%.
Na Península Ibérica, os juros das obrigações portuguesas a dez anos mantêm-se acima da fasquia dos 2%, feito alcançado na passada sexta-feira, estando a agravar 4,5 pontos base para 2,098%. Por sua vez, a yield da dívida espanhola com a mesma maturidade soma 4,8 pontos base para 2,058%.
Nos EUA, os juros da dívida soberana a dez anos continuam acima do patamar dos 3%, mais concretamente subindo 2,2 pontos base para 3,003%.
Ouro no vermelho à espera da Fed. Euro sobe
O ouro continua a perder terreno, à medida que os juros sobre a dívida soberana norte-americana em várias linhas de maturidade sobem, devido a aposta do mercado numa subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana (Fed), depois da reunião que arranca esta quarta-feira.
O metal amarelo desvaloriza 0,16% para 1.859,98 dólares a onça. Desde que atingiu o pico deste ano no início da guerra na Ucrânia, o ouro já perdeu 10%, segundo as contas da Bloomberg, ainda assim o "rei" dos metais ainda está em alta este ano, bem acima da linha psicológica dos 1.800 dólares.
Desde esta segunda-feira, o ouro mergulhou de forma particular, depois de a yield da dívida soberana a dez anos ter subido para o patamar dos 3%, como não era visto desde 2018 e o dólar ter continuado a ganhar força.
"Os investidores parecem ter levado em consideração um movimento agressivo e precoce por parte da Fed, portanto se o anúncio da Reserva Federal norte-americana for [afinal] considerado dovish, tal pode ajudar o ouro a subir à fasquia dos 1.900 dólares", comentou Nicholas Frappell, gestor na ABC Bullion, citado pela Bloomberg.
No mercado cambial, o índice do dólar da Bloomberg – que compara a "nota verde" com 10 divisas rivais – segue a cair 0,30%, mantendo-se no entanto acima da linha dos 103 pontos, mais concretamente em 103,43 pontos. Já o euros ganha força com esta queda e soma 0,17% para 1,0525 dólares.
Petróleo continua movimento de alívio
O petróleo continua a desvalorizar, aliviado pelos confinamentos contra a covid-19 na China, ainda que ligeiramente pressionado pela procura por produtos refinados.
O West Texas Intermediate (WTI) – referência para o mercado norte-americano – segue a cair 0,90% para 104,22 dólares por barril.
Já o Brent do Mar do Norte, referência para as importações europeias, desvaloriza 0,96% para 106,55 dólares por barril.
O mercado do petróleo foi dominado por um período agitado desde que começou a invasão russa à Ucrânia no final de fevereiro.
No início desta semana, os preços começaram a aliviar com a imposição de mais medidas restritivas contra a covid-19 em Pequim e Xangai. Na Europa, a Bloomberg indica que o embargo ao petróleo russo poderá ser imposto até ao final do ano.
Europa aponta para arranque de sessão no verde
Os futuros negociados sobre o "benchmark" europeu apontam para que as sessões nas principais praças do bloco arranquem no verde, à medida que os investidores digerem a possibilidade de uma política monetária "falcão" ser adoptada pelos principais bancos centrais do mundo.
Os futuros sobre o Euro Stoxx 50 seguem a subir cerca de 1%.
Os investidores estão a fazer contas, equacionando se tais medidas restritivas não irão abrandar a economia global. Esta incerteza é agravada pelos confinamentos contra a covid-19 na China e a guerra na Ucrânia que por sim já são um risco de abrandamento económico.
Esta terça-feira foi a vez do banco central australiano subir as taxas de juro, pela primeira vez desde 2010, muito mais para lá do esperado, provocando um aumento nos juros da dívida soberana, tendo a yield das obrigações australianas a três anos renovado máximos de 2014.
Esta quarta-feira é a vez da Reserva Federal norte-americana se reunir durante dois dias, com o mercado a apostar na maior subida das taxas de juro desde o ano 2000.
Na Ásia, o Kospi da Coreia do Sul caiu 0,2%. Em Hong Kong, o Hang Seng valorizou 0,24% e Xangai somou 2,41%. No Japão as bolsas estiveram fechadas.
Boris Johnson discursa no parlamento ucraniano. Draghi pede clareza sobre pagamento de gás em rublos
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson discursa esta terça-feira no parlamento ucraniano, por videoconferência, depois de o Reino Unido ter enviado material militar para apoiar o exército de Kiev contra o Kremlin.
Segundo os documentos a que a Bloomberg teve acesso, Johnson irá parafrasear a celebre frase de Winston Churchil, adaptando-a à situação atual: "este é o melhor momento da [história] da Ucrânia, um capítulo épico da história nacional que será lembrado e recontado por gerações".
O discurso surge depois de Downing Street anunciar o envio de material militar para a Ucrânia avaliado em 300 milhões de libras (357,15 milhões de euros à taxa de câmbio atual). Paralelamente, assim como já foi feito por outros países, o Reino Unido prepara-se para voltar a abrir as portas da embaixada britânica em Kiev.
Pela União Europeia (UE), o ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco, Alexander Schallenberg, frisou, em entrevista ao Financial Times, a necessidade de uma revisão dos tratados que facilite a adesão da Ucrânia e outros países à UE.
Para Alexander Schallenberg a invasão russa é "um momento geoestratégico para a Europa", sendo necessário apoiar os países vizinhos como a Ucrânia e a Moldávia. "Vamos colocar o nosso dinheiro onde é preciso", acrescentou.
Para haver uma alteração aos tratados é preciso unanimidade dos 27 Estados membros. Os Países Baixos já se manifestaram contra o encurtar do processo de adesão à UE previsto nas normas do bloco.
Ainda pela UE, o primeiro-ministro italiano e antigo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi pediu mais clareza à Comissão Europeia sobre os pagamentos em rublos, algo importante para o país que comanda, já que a Itália irá pagar as remessas de gás russo dentro de duas semanas.
"É muito importante que a Comissão Europeia apresente um parecer legal claro sobre se o pagamento de gás russo em rublos viola as sanções", sublinhou Draghi.