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Abramovich passou a fortuna para os filhos antes da guerra começar

Oligarca russo tornou os sete filhos, o mais novo dos quais com 9 anos, beneficiários de 10 fundos localizados em offshores. Sanções do Reino Unido e da União Europeia não abrangem os seus familiares.

Getty Images
06 de Janeiro de 2023 às 17:52
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Roman Abramovich passou a sua fortuna para os filhos pouco antes das sanções terem sido impostas pelo Ocidente a oligarcas russos ligados ao presidente Vladimir Putin, na sequência da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022. Este passo é revelado pelo jornal britânico The Guardian.

Os documentos vazados através de um ataque a um provedor de serviços offshore sediado no Chipre, a que o Guardian teve acesso, mostram que 10 fundos em offshores cujo beneficiário era o empresário naturalizado português foram reorganizados no início de fevereiro de 2022, três semanas antes da Rússia lançar uma ofensiva militar sobre a Ucrânia.

Ao que tudo indica, Roman Abramovich tornou os seus sete filhos beneficiários dos fundos que têm um valor de pelo menos 4 mil milhões de libras (4,5 mil milhões de euros). O mais novo dos filhos tem 9 anos. Entre os bens de que serão beneficiários contam-se propriedades de luxo, iates, helicópteros e jatos privados. Ainda assim, nunca foi muito fácil ligar o oligarca aos seus bens, uma vez que tudo passava por uma intrincada rede de offshores e fundos, o que já dificultava o acesso aos bens para que estes fossem congelados.

Com a passagem para os filhos, torna-se ainda mais difícil congelar os bens do oligarca ligado ao regime de Putin, referem peritos em sanções, citados pelo jornal britânico. Isto porque a maior parte das sanções inclui apenas os oligarcas e membros do governo russo, deixando de fora os familiares.

Apesar do Reino Unido e da União Europeia terem sinalizado Abramovich como um oligarca que beneficiou das ligações ao Kremlin, este sempre negou ter qualquer proximidade com o poder russo, tendo mesmo contestado as sanções da UE judicialmente. E o próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, terá pedido aos EUA para que o empresário não fosse sancionado nesse país, uma vez que apareceu como intermediário para as conversações de paz.

O antigo dono do Chelsea também gerou polémica por ter conseguido a cidadania portuguesa ao abrigo da lei dos judeus sefarditas. Tem ainda o passaporte israelita e russo.
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