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Guterres defende que produtos agrícolas russos devem chegar "sem entraves" aos mercados

"Sem fertilizante em 2022, pode não haver alimentos suficientes em 2023. Tirar mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é essencial para acalmar os mercados (...) e fazer baixar os preços para os consumidores", alertou o secretário-geral da ONU.

O Razoni foi inspecionado em Istambul, seguiu viagem para Tripoli, mas o comprador recusou a carga.
Reuters
20 de Agosto de 2022 às 16:13
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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu hoje, em Istambul, que os fertilizantes e produtos agrícolas russos devem ter acesso "sem entraves" aos mercados mundiais, sob pena de haver uma crise global mundial já em 2023.

 

"É importante que os governos e o setor privado cooperem para os levar ao mercado", defendeu Guterres, a partir do Centro Comum de Coordenação, que supervisiona a aplicação do acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, assinado em julho, por Kiev e Moscovo, sob a égide das Nações Unidas e da Turquia.

 

O acordo também garante que a Rússia pode exportar os seus produtos agrícolas e fertilizantes, apesar das sanções ocidentais.

 

"O que vemos aqui em Istambul e Odessa é apenas a parte mais visível da solução. A outra parte deste acordo global é o acesso sem restrições aos mercados mundiais dos alimentos e fertilizantes russos, que não estão sujeitos a sanções", disse Guterres, salientando que apesar disso as exportações de fertilizantes e de produtos russos ainda enfrentam "obstáculos".

 

"Sem fertilizante em 2022, pode não haver alimentos suficientes em 2023. Tirar mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia é essencial para acalmar os mercados (...) e fazer baixar os preços para os consumidores", alertou o secretário-geral da ONU.

 

António Guterres esteve na Ucrânia esta semana, onde se encontrou na quinta-feira em Lviv (oeste) com os Presidentes ucraniano, Volodymyr Zelensky, e turco, Recep Tayyip Erdogan, antes de viajar para Odessa (sul) na sexta-feira.

 

No sábado anterior, visitou o primeiro navio humanitário fretado pela ONU que transportava cereais ucranianos na costa sul de Istambul, no Mar de Mármara.

 

O Bravo Comandante, cujo destino final é Djibuti, deixou o porto ucraniano de Pivdenny na terça-feira com 23 mil toneladas de trigo antes de atravessar o Bósforo na quarta-feira à noite.

 

O Secretário-Geral da ONU prometeu na quinta-feira que a sua organização iria trabalhar para "intensificar" as exportações de cereais ucranianos antes do início do inverno, uma vez que estes são cruciais para o abastecimento alimentar de muitos países africanos.

 

Nos termos do acordo assinado em julho, 650 mil toneladas de cereais e produtos agrícolas ucranianos deixaram os portos ucranianos de Odessa, Chornomorsk e Pivdenny desde 01 de agosto.

 

Os navios devem passar por um corredor seguro no Mar Negro e depois ser inspecionados pelo Centro Comum de Coordenação (CCC) antes de lhes ser permitido atravessar o Estreito do Bósforo.

 

As exportações de cereais da Ucrânia, um dos maiores produtores e exportadores mundiais, têm sido bloqueadas há vários meses devido à invasão russa, suscitando receios de uma crise alimentar global.

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