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Vox: o partido de extrema-direita que ganha força em Espanha

Foi criado no final de 2013, mas só agora o partido de extrema-direita Vox ganha força em Espanha, animado pelos ventos nacional-autoritários e anti-imigração que ganham força um pouco por toda a Europa, e não só.

Vox
09 de Outubro de 2018 às 18:53
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Nem o partido nem o fenómeno são novos, mas é novidade a expressão conquistada pelo Vox, o partido da extrema-direita espanhola que quer ocupar um lugar vago no reformulado sistema partidário de Espanha.


Foi ao som da música "Resistirei" que este domingo teve início a manifestação do Vox no Palacio Vistalegre, em Madrid, onde nove mil simpatizantes encheram uma sala que partidos como o Podemos não conseguiram encher. Outros três mil, segundo reportou o El País, permaneceram fora da sala de espectáculos até ao final do comício que assinalou uma espécie de nova vida do Vox.


É que apesar de ter sido constituído em Dezembro de 2013, o partido liderado pelo antigo militante do PP, Santiago Abascal, tenta agora aproveitar a conjugação de dois factores tendencialmente favoráveis à sua afirmação: a perda de expressão da direita espanhola, em especial do PP, um partido fustigado por inúmeros casos de corrupção que, em última instância, contribuíram para a destituição de Mariano Rajoy como primeiro-ministro, e a onda nacional-autoritária e populista que tem sido terreno fértil para a afirmação de partidos da extrema-direita.

 


Com um discurso com forte pendor nacionalista e anti-imigração, o Vox beneficia ainda do desafio independentista colocado pela Catalunha e da chegada de migrantes a território espanhol para se afirmar como o partido que zela pelos espanhóis.


Por outro lado, o facto de os dois principais partidos da direita espanhola (PP e Cidadãos) não serem anti-imigração, atribui ainda maior relevância ao posicionamento nacionalista assumido pelo Vox, um partido que não hesitou em recorrer a um discurso anti-islão para capitalizar o medo em relação aos requerentes de asilo, já que muitos destes são muçulmanos. No comício deste domingo, Santiago Abascal referiu-se ao PP como a 
"direitazinha cobarde" e ao Cidadãos de Albert Rivera como "cata-vento laranja".

 

Impregnado de populismo e com inspiração em Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, o secretário-geral do Vox, Ortega Smith, prometeu que com o Vox os "espanhóis estão primeiro" e garantiu que "juntos vamos tornar Espanha grande outra vez". "Se amas o teu país, és chamado xenófobo e fascista. Se dizes que a imigração tem de ser controlada, és racista e fascista. Se amas a tradição, és um retrógado fascista", prosseguiu num tom auto-justificativo o líder Santiago Abascal.

Santiago Abascal terminaria a sua intervenção com outra fórmula cara aos movimentos populistas, a ideia do 'nós, o povo, contra eles, o sistema'. "Não estamos aqui para ganhar com Espanha. Viemos para que Espanha ganhe connosco. O Vox vive para que Espanha possa viver", concluiu. 


O crescendo nacionalista

Itália, Alemanha, França, Polónia, Hungria, Holanda, países nórdicos e agora Espanha: são vários os casos que confirmam que o ressurgimento de partidos de extrema-direita não é um fenómeno isolado. A vitória de Jair Bolsonaro na primeira volta das presidenciais brasileiras, a roçar a maioria absoluta, reforça um diagnóstico que inclui presidentes como Trump nos EUA ou Duterte nas Filipinas. 

Nem sempre coincidentes, porque o populismo pode existir à esquerda ou à direita, é significativo o avanço de forças populistas posicionadas à extrema-direita, como são mais recentes exemplos a ascensão da Liga de Matteo Salvini na Itália ou a forma com a Alternativa para a Alemanha (AfD) tem conseguido condicionar e fragilizar a chanceler alemã Angela Merkel. 

Depois de as duas últimas eleições gerais (Dezembro de 2015 e Junho de 2016) terem implodido o tradicional bipartidarismo que dominou durante décadas a política espanhola, com o Podemos (esquerda radical) e o Cidadãos (centro-direita liberal) a rivalizarem com PSOE e PP, o Vox quer ser o fenómeno ainda inexistente em países como Espanha ou Portugal.


Todavia, apesar de esta manifestação de domingo se ter seguido a outros eventos muito concorridos em cidades como Valladolid e Saragoça, na última sondagem do instituto CIS o Vox não foi além dos 1,4%, valor só suficiente para eleger um deputado.  

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