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Tsipras culpa austeridade pela explosão do anti-europeísmo

O líder do partido que venceu as eleições europeias na Grécia afasta-se dos anti-europeus Farage e Le Pen para afirmar que o Syriza quer “mudar a Europa, não desmantelá-la”. Tsipras acredita que deve ser Juncker o próximo presidente da Comissão Europeia.

30 de Maio de 2014 às 19:00
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O líder do Syriza, Alexis Tsipras, que venceu as eleições europeias gregas no passado domingo, veio a terreno, esta sexta-feira, distanciar-se dos populistas anti-europeus Nigel Farage e Marine Le Pen, garantindo que o crescimento destas forças se deveu às políticas europeias de austeridade.

 

"Monstruosidades", é a palavra encontrada pelo mediático político grego para definir os partidos de protesto que venceram as eleições em França e Inglaterra. Trata-se da Frente Nacional de Le Pen e do UKIP de Farage.

 

"Nós somos uma força política pró-europeia que quer mudar a Europa, não desmantelá-la", esclareceu o político formado em engenharia civil. Entrevistado pela Bloomberg, naquela que foi a primeira entrevista concedida desde a estrondosa vitória do Syriza no passado dia 25 de Maio, acusou as políticas europeias de austeridade de "terem criado estas monstruosidades políticas".

 

O líder da extrema-esquerda grega mostra-se, ainda, disponível para colaborar com a chanceler alemã, Angela Merkel, "na condição de o caminho da austeridade deixar de ser considerado o único caminho possível".

 

Juncker para presidente da Comissão

 

O líder do Syriza, que também era o candidato da força política da esquerda radical europeia GUE/NLG, considera que deve ser o luxemburguês Jean-Claude Juncker, candidato indicado pelo Partido Popular Europeu, o primeiro nome a ser considerado para suceder a Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia.

 

"Durante a campanha fui o candidato da esquerda europeia", disse, para depois explicar que "o Partido Popular Europeu venceu as eleições", o que deve implicar que "seja o senhor Juncker o primeiro a tentar formar a maioria necessária iniciando as respectivas negociações com os outros grupos políticos".

 

O político grego mostra-se do lado daqueles que consideram que, na decorrência do Tratado de Lisboa, os líderes europeus, que mantêm o poder de decisão quanto à chefia da Comissão, devem ratificar a escolha maioritária proveniente do Parlamento Europeu, cuja formação resulta directamente das eleições parlamentares europeias.

 

"A minha posição é a de que o Conselho Europeu não deve nomear nenhum candidato, para a presidência da Comissão, que não tenha participado nesta eleição [europeia]", defende Tsipras citado pela Euronews.

 

Os partidários de outra interpretação do Acordo de Lisboa defendem que devem ser os líderes europeus, representados no Conselho Europeu, a decidir em última instância quem deve liderar a Comissão Europeia, dando um carácter meramente indicativo aos resultados das eleições europeias que, segundo Lisboa, devem passar a ser tidas em conta na escolha do líder da Comissão.

 

Entretanto, também esta sexta-feira, foi a própria Angela Merkel a confirmar o previsível. Uma mensagem via Twitter do porta-voz da chanceler citava a líder alemã: "A partir de agora, todas as minhas conversações são realizadas com esse objectivo, o de que seja Jean-Claude Juncker o eleito para presidente da Comissão Europeia".

 

 
Tsipras dedende que Governo não tem legitimidade para renegociar a dívida

A situação interna na Grécia não é descurada pelo recém-eleito eurodeputado. A derrota imposta pelo seu Syriza ao actuais partidos que formam o Governo, designadamente o Nova Democracia do primeiro-ministro Antónis Samarás, significa a perda de legitimidade do Executivo grego para prosseguir uma governação assente em políticas rejeitadas pelo povo helénico.

 

"A actual Administração não tem mandato para liderar acordos que vão penalizar o país nas próximas décadas, especialmente após os resultados das eleições do último domingo", sublinhou Tsipras.

 

Tendo em conta a actual situação política grega, o líder do Syriza só encontra uma solução. "Apenas a realização de eleições pode restabelecer a estabilidade política na Grécia", concluiu.

 

 

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