Aquele que é actualmente o partido mais representativo da oposição na Grécia, o Syriza, liderado por Alexis Tsipras (na foto), surge como provável vencedor das próximas eleições para o Parlamento Europeu que se realizam no próximo dia 25 deste mês.

A sondagem feita pelo VPRC para a revista "Epikaira" dá 16,7% dos votos ao partido de Tsipras, relegando para a segunda posição a força política liderada pelo primeiro-ministro Antonis Samaras, o Nova Democracia, com 13,7%.

No entanto, o factor que mais pode estar a causar apreensão é o facto de o partido de centro-esquerda Pasok, que nas últimas décadas dominou o panorama político e institucional grego, ter sido empurrado para a sétima posição com apenas 3% das intenções de voto.  

A Bloomberg alerta para o facto de o actual Governo depender do suporte político garantido pelos deputados do Pasok. A coligação liderada por Samaras dispõe de uma maioria parlamentar de 152 lugares num total de 300. Caso os 27 deputados do Pasok retirem o seu apoio ao Governo de Samaras, ficariam seriamente postas em causa as condições políticas e de governabilidade necessárias à prossecução da aplicação do programa de ajustamento económico e financeiro.

O líder do Pasok e ex-ministro das Finanças Evangelos Venizelos disse no passado dia 9 de Maio

que "nestas eleições [europeias] seremos todos julgados". Esta convicção contribui para adensar o receio de uma leitura nacional dos resultados que se verificarem nas europeias.

Outra sondagem conhecida esta quinta-feira também aponta para a vitória do Syriza com 23% dos votos. No estudo da Kapa Research para o jornal "To Vima" o maior partido do Governo, Nova Democracia, atinge 21,7% enquanto o Pasok se fica pela sexta posição.

Crescimento do Syriza provoca receios

O Syriza que nas europeias de 2009, segundo o jornal "Ekathimerini", se ficou por 4,7% da votação com a eleição de apenas um deputao europeu, surge agora como o grande favorito à vitória no dia 25 de Maio.

O objectivo do partido de Tsipras passa por capitalizar o descontentamento popular face às políticas de austeridade e ao descrédito da classe política para, assim, consubstanciar o bom resultado das legislativas de 2012 numa vitória em 2016.

A inversão do rumo de austeridade é defendido pelo Syriza desde o início da crise, e o apoio popular a este partido poderá repercutir-se numa viragem política. Essa é, claramente, a vontade dos principais responsáveis deste partido.

"O Syriza quer uma vitória clara para, dessa forma, colocar um ponto final à política unívoca de austeridade e grande depressão", declarou recentemente, citado pela Bloomberg, o cabeça-de-lista do partido às europeias, Dimitris Papadimoulis.

Papadimoulis concluiu que "uma vitória do Syriza, com mais votos do que o Nova Democracia e o Pasok juntos, permitirá desenvolvimentos políticos positivos".

Uma sondagem com vista às próximas eleições parlamentares, feita entre o final de Abril e o início deste mês pela Public Issue dava um empate técnico ao Syriza e ao Nova Democracia, com 29% cada. 

Os mercados europeus reagiram de forma negativa aos dados revelados nas últimas sondagens na Grécia e à possibilidade de se verificar uma nova crise política que a efectivação desses resultados poderia provocar.

A bolsa grega caiu esta quinta-feira mais de 4%, o PSI-20 e o espanhol Ibex perderam mais de 2% numa sessão marcada por perdas generalizadas.