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CDU quer cortes de impostos após excedente orçamental de 48 mil millhões
As contas públicas alemãs continuam de boa saúde e fecharam o primeiro semestre com um excedente orçamental de 48,1 mil milhões de euros, o maior desde a reunificação germânica. Alta dirigente da CDU quer apoiar a classe média e pede uma diminuição da carga fiscal.
Vários membros do bloco conservador de Angela Merkel querem que o cada vez maior excedente orçamental seja utilizado por forma a ajudar os cidadãos, em especial da classe média, através da redução de impostos. A secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, defendeu isso mesmo em entrevista publicada esta terça-feira, 28 de Agosto, pelo jornal Bild.
"Temos de reduzir o fardo suportado pelos cidadãos da classe média", afirmou em declarações reproduzidas pela agência Reuters, defendendo que o alívio fiscal deve ser direccionado às famílias de rendimentos baixos e médios.
Por outro lado, a dirigente do partido liderado por Merkel considera mesmo que o governo federal deve acelerar o fim do "imposto de solidariedade" - adoptado na sequência da reunificação germânica com o objectivo de apoiar as regiões do leste do país – previsto apenas para 2021.
Assim, esta redução da carga fiscal deve ser posta em prática mediante diminuições das contribuições sociais e uma mais célere abolição do "imposto de solidariedade".
Annegret Kramp-Karrenbauer considera que o crescente excedente orçamental gerado pela Alemanha deve ser utilizado para melhorar as condições de vida dos alemães. Na semana passada foi revelado que, no final do primeiro semestre deste ano, a Alemanha obteve um excedente de 48,1 mil milhões de euros, o maior desde a reunificação de 1990. Esta posição poderá configurar uma inflexão na posição da CDU, partido que até às últimas eleições federais, em Setembro do ano passado, afastava tal cenário.
A intenção de cortar impostos não parece, contudo, ser unânime no seio da coligação de governo entre democratas-cristãos (CDU e CSU) e sociais-democratas (SPD). Ainda na semana passada, em declarações à revista Der Spiegel, o ministro alemão das Finanças e membro do SPD, Olaf Scholz, afirmou mesmo estar preparado para aumentar "significativamente" os impostos para assim acomodar os acréscimos de despesa com o pagamento de pensões de reforma.
Ainda assim, Scholz já admitiu entretanto que o aumento expressivo do excedente orçamental garante ao governo germânico maior espaço de manobra para medidas até aqui não previstas. Nota ainda para o secretário-geral da CSU (partido-irmão bávaro da CDU de Merkel), Markus Blume, que também se mostrou favorável à ideia de redução de impostos. Também Blume defende a abolição do "imposto de solidariedade". Tem agora a palavra o governo chefiado por Angela Merkel.
Organizações internacionais, como é o caso do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia, bem como diversos economistas têm vindo a defender que a Alemanha deveria direccionar os respectivos excedentes para aumentar os níveis de investimento e assim promover o consumo interno, medida que também permitiria puxar pelas exportações dos restantes países da Zona Euro.
(Correcção: Annegret Kramp-Karrenbauer é secretária-geral da CDU e não do SPD, como inicialmente referido)