O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou hoje em Barcelona um investimento de 4,2 mil milhões de euros em infra-estruturas na Catalunha, no que é visto como uma estratégia para contrariar o movimento separatista desta região.

Perante 500 empresários catalães, o chefe do executivo explicou que o investimento de 4,2 mil milhões de euros, até 2020, irá beneficiar principalmente as infra-estruturas de transporte e a habitação.

Trata-se do primeiro anúncio de grande envergadura feito pelo Governo espanhol, liderado pelo Partido Popular (direita), desde que foi lançada a "operação diálogo" com a Catalunha.

A iniciativa tem como objectivo a redução do diferendo entre Madrid e Barcelona numa altura em que o Governo regional catalão é formado por partidos separatistas que pretendem realizar, antes do fim do ano, um referendo independentista, que já foi proibido.

Durante o seu primeiro mandato, de 2011 até 2016, quando governava com uma maioria confortável, Rajoy foi acusado de ter sempre recusado dialogar com os separatistas e os nacionalistas da Catalunha.

O Governo espanhol espera assim, com esta medida, seduzir uma parte dos catalães que recentemente se converteram ao movimento separatista e que, segundo várias sondagens, se contentariam em ter um maior grau de autonomia maior e melhores condições de financiamento.

Entretanto, o Governo regional, através de uma porta-voz, declarou ter recebido com "imensa incredibilidade" o anúncio feito por Mariano Rajoy e ironizou com a necessidade de incluir uma "cláusula contra o incumprimento" para garantir que as acções anunciadas serão cumpridas.

Segundo essa porta-voz, o anúncio feito "não tem nada que o diferencie de outros" feitos anteriormente.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas, e tem vindo a subir de tom nos últimos anos.

Mariano Rajoy espera que a retoma económica em curso, o aumento dos investimentos em infra-estruturas locais e o aumento do diálogo com a região irão permitir normalizar a situação.