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Podemos propõe retirar censura a Rajoy e apoiar moção do "novo" PSOE

Depois de Sánchez e Iglesias terem concluído que é "insustentável a situação do PP", o Podemos propõe retirar a moção de censura ao governo de Rajoy se o PSOE apresentar a sua própria rejeição ao Executivo popular.

Reuters
22 de Maio de 2017 às 19:20
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A nova liderança do PSOE ameaça trazer de volta a Espanha a instabilidade política que predominou durante quase todo o ano passado. No dia seguinte a ter reconquistado a chefia do PSOE, Pedro Sánchez já tem em mãos uma proposta para juntar esforços para deitar abaixo o Governo liderado por Mariano Rajoy.

 

A proposta foi feita esta segunda-feira, 22 de Maio, por Pablo Echenique, secretário de organização do Podemos, que anunciou a disponibilidade do partido para retirar a moção de censura - apresentada na passada sexta-feira - se o PSOE decidir apresentar a sua própria moção de rejeição ao actual governo. 

Na sexta-feira, a aliança Unidos Podemos (que integra o Podemos e a formação pró-comunista Esquerda Unida) registou no Congresso uma moção de censura contra Rajoy, justificando a mesma com o "imperativo ético e democrático" decorrente dos cada vez mais casos que envolvem destacadas figuras do PP em casos de corrupção.

O número dois do Podemos considera que depois de Pedro Sánchez ter feito uma campanha para as eleições internas do PSOE com base na rejeição ao actual governo espanhol, este é o momento de pôr mãos à obra para que o PP seja "desalojado" das instituições democráticas. 

A imprensa espanhola adianta também, citando fontes do PSOE e do Podemos, que Sánchez e o líder daquele partido de extrema-esquerda, Pablo Iglesias, conversaram hoje telefonicamente, já depois do anúncio feito por Echenique, e estão de acordo sobre a "insustentável situação do PP, rodeado de corrupção no governo".  

 

As mesmas fontes revelaram ainda que Sánchez e Iglesias "respeitam as diferentes estratégias" de cada um dos partidos sobre o modelo de oposição ao Executivo dos populares, tendo as duas forças chegado a acordo sobre a necessidade de manterem relações próximas.

 

Como candidato às primárias socialistas, Sánchez não descartou a hipótese de, sendo eleito líder do PSOE, apresentar uma moção de censura, afirmando que "o governo de Rajoy é censurável pelos casos de corrupção e pelas políticas de austeridade". Contudo, o recém-eleito secretário-geral socialista frisou que não se revê na fórmula adoptada pelo Podemos, que "parece mais uma moção de censura que [Iglesias] já sabe que vai perder".

 

A inesperada vitória de Sánchez, apoiado pela base militante contra a candidata do aparelho, dos barões e das federações regionais, Susana Díaz, foi também a rejeição dos socialistas à "abstenção" da maioria dos deputados do PSOE que permitiu a Rajoy ser investido como primeiro-ministro e pôr fim a cerca de 10 meses em que Espanha viveu sem governo em plenitude de funções.

 

Ao contrário de Susana Díaz, que se propunha trazer de volta "o velho PSOE", Pedro Sánchez reitera o "não é não" à investidura de Rajoy corporizado na primeira passagem pela liderança do partido, o que transposto para a realidade actual significa que os socialistas pretendem fazer uma oposição sem quartel ao governo popular, e ao PP.


Resta, porém, saber como é que Pedro Sánchez colocará em prática essa intenção. Apesar de defender a confluência do PSOE com os partidos da esquerda parlamentar, Sánchez deixou de falar em "unidade de acção" das forças de esquerda para pedir a construção de uma "aliança social de progresso".

 

Cidadãos teme "podemização" do PSOE


Quem se prontificou a reagir ao ressurgir de instabilidade política foi o Cidadãos, precisamente o partido com o qual Sánchez fez um acordo de governo para tentar ser investido como primeiro-ministro. Mas falhada a investidura, foram os deputados do partido liderado por Alberto Rivera, junto com a maior parte dos parlamentares socialistas, a permitir mais tarde a formação do actual Executivo popular.

 

Por Inés Arrimadas, porta-voz do partido, o Cidadãos defendeu esta tarde que a dúvida sobre a nova liderança do PSOE passa por saber "se a aposta de Sánchez é podemizar o partido" e dialogar mais com "os partidos independentistas do que com os partidos constitucionalistas".

 

Do lado do PP, que hoje teve uma reunião do seu comité executivo, a reacção veio do presidente, com Rajoy a rejeitar qualquer hipótese de antecipar eleições e a recusar ser foco de "instabilidade". 

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