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Partido de Merkel ganha eleições no Hesse com o pior resultado em 50 anos

A CDU pode continuar a governar o estado federado de Hesse e pode forjar uma coligação, com o SPD ou os Verdes. O partido de Merkel e o SPD perderam cada um cerca de 10 pontos percentuais dos votos.

28 de Outubro de 2018 às 17:27
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A CDU de Angela Merkel obteve um resultado agridoce nas eleições que decorreram este domingo no estado federado de Hesse.

 

Se por um lado obteve uma votação suficiente para ganhar as eleições, por outro obteve o pior resultado em mais de 50 anos. O partido da chanceler obteve 28% dos votos, de acordo com as projecções que estão a ser divulgadas pela Reuters. Ainda assim, situam-e acima dos valores em redor dos 24% para que apontavam as últimas sondagens.

 

Fica assim afastado o pior cenário para a chanceler alemã, de sofrer uma perda de votos de tal dimensão que colocasse em causa a possibilidade da CDU continuar a liderar o governo desta região onde está localizada a capital financeira do país (Frankfurt).

 

A CDU tem actualmente uma coligação com os Verdes no Estado de Hesse e de acordo com as projecções pode manter esta aliança. Ou então coligar-se com o SPD, com quem tem uma coligação no governo central.

 

Apesar da vitória, os votos na CDU desceram de forma considerável, pois nas eleições de 2013 tinham obtido 38,3%. O SPD também desceu de forma acentuada, baixando dos 30,7% em 2013 para 20% nas eleições de hoje, o que representa o pior resultado para este partido desde a II Guerra Mundial numas eleições regionais num estado da Alemanha Ocidental.
 
Os Verdes foram os grandes vencedores, quase duplicando a votação para 19,5%, capitalizando assim uma boa parte do eleitorado descontente com os partidos que apoiam a "grande coligação".

A Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) foi outro dos partidos vencedores destas eleições, pois obteve 12% dos votos e entra assim pela primeira vez na assembleia regional de Hesse. Depois de no ano passado ter entrado pela primeira vez no Parlamento federal, este partido de extrema-direita e anti-imigração está já presente em todos os 16 parlamentos regionais da Alemanha, assinala a Reuters. 

 

A mensagem para os partidos que governam em Berlim é que as pessoas querem menos disputas e um foco maior nos assuntos importantes ministro presidente de Hesse, Volker Bouffier


CDU e SPD perdem 20% e deixam coligação mais frágil

 

A queda dos dois partidos que formam a coligação que governa a Alemanha (CDU e SPD) reflecte o desgaste que tem sofrido o executivo de Angela Merkel. E, de acordo com vários analistas, pode representar mais fontes de tensão na já frágil coligação.  

 

O futuro da coligação do Governo de Merkel já tinha ficado mais frágil após as eleições na também importante região da Baviera, há duas semanas, pois ditaram um mau resultado para o partido-irmão bávaro (CSU) da CDU que concorre naquele estado - e também para os sociais-democratas (SPD).

 

Se no Hesse a CDU ainda pode reclamar a vitória nas eleições, o SPD baixa consideravelmente e fica em linha com os Verdes. A imprensa alemã tinha referido que um novo mau resultado para o SPD, que em 2017 registou o pior desfecho de sempre em eleições gerais, poderia intensificar a pressão sobre a actual presiednte do SPD, Andrea Nahles. O que poderia levar o partido júnior da aliança de governo a sair do executivo.

O quarto e provavelmente último governo de Merkel já por duas vezes esteve à beira do colapso, pelo que o péssimo resultado do SPD irá certamente reiniciar o debate no partido se este deverá saltar fora da coligação.


"É um mau resultado para nós, não posso dizer outras coisa", afirmou o secretário-geral dos social-democratas. "É um sinal para a 'grande coligação' de que as coisas têm de mudar", acrescentou.

"Estamos em sofrimento devido à perda de votos mas também aprendemos que vale a pena lutar", afirmou o actual ministro presidente de Hesse, Volker Bouffier. "A mensagem para os partidos que governam em Berlim é que as pessoas querem menos disputas e um foco maior nos assuntos importantes".


Os resultados da CDU em Hesse também deixam Angela Merkel numa posição delicada para o congresso da CDU que terá lugar em Dezembro e que irá eleger o novo líder dos democratas-cristãos. 

  

A Reuters assinala que a posição interna mais frágil de Merkel deixa a chanceler com uma capacidade mais limitada para liderar a Europa numa altura em que a União Europeia está a lidar com dossiês importantes como o Brexit, o orçamento italiano e a ascensão de partidos populistas um pouco por toda a Europa, que com certeza terá reflexo nas eleições de Maior para o Parlamento Europeu.

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