Pela primeira vez desde a formação institucional dos Verdes, em 1979, os líderes dos ecologistas reuniram-se com os líderes dos dois partidos democratas-cristãos alemães, a CDU de Merkel e a CSU, partido sediado na Baviera. Este encontro inédito tem como objectivo a eventual formação de um Governo composto por estas forças políticas.

No entanto, as conversações empreendidas poderão funcionar como uma forma de pressão de Merkel aos socialistas do SPD que se mostraram, até aqui, intransigentes nas várias exigências ante uma possível reedição da grande coligação que governou a Alemanha no período 2005-2009.

Esta primeira reunião poderá, mesmo assim, marcar o início de uma ronda de conversações formais, que poderiam exercer ainda maior pressão sobre o SPD.

As habituais diferenças entre a CDU e os Verdes têm vindo a ser esbatidas ao longo dos últimos anos, especialmente depois da inflexão de Merkel relativamente à política nuclear, no período pós Fukushima. Até em relação ao estabelecimento de um ordenado mínimo, política defendida pelos Verdes e também pelo SPD, a CDU parece aproximar-se e já não recusa de forma absoluta tal possibilidade.

Reside, porém, uma diferença que parece inconciliável. Os Verdes defendem uma legislação que equipare o casamento entre homossexuais ao casamento heterossexual. Defendem também o total direito, sem reservas, à adopção por parte de casais do mesmo sexo. A CDU é um partido cristão e Merkel é assumidamente conservadora no que diz respeito aos direitos ligados aos costumes, pelo que se afigura improvável um consenso nestas matérias.

As conversações para a formação de Governo poderão prolongar-se até Dezembro ou Janeiro como vem sendo noticiado e comentado em vários órgãos de comunicação social. Merkel quer garantir a estabilização política e governativa o quanto antes, mas apesar da vitória clara nas últimas legislativas, ao perder a possibilidade de se aliar aos liberais, que não atingiram o mínimo para entrar no Bundestag, vê-se obrigada a negociar com partidos que poderão jogar com o tempo para obter ganhos políticos.

Enquanto os sociais-democratas pretendem, entre outras pastas, a de ministro das Finanças, os Verdes apostam essencialmente na aprovação de medidas bandeira como as referidas atrás. À segunda reeleição, Merkel enfrenta maiores dificuldades do que nas duas anteriores constituições de Governo, enquanto corre contra o tempo.