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Macedónia vai entregar um milhar de migrantes à Grécia
As autoridades macedónias já avisaram que vão devolver à Grécia os cerca de mil migrantes que contornaram as barreiras físicas colocadas na fronteira entre os dois países, entrando ilegalmente em território macedónio.
O exército e a polícia da Macedónia estão já a desenvolver as diligências necessárias para reenviar para a Grécia os cerca de mil migrantes que chegaram ao país depois de terem abandonado um campo de acolhimento na Grécia e, de seguida, contornado o posto o principal fronteiriço entre os dois países, em Idomeni.
"Estamos a adoptar medidas para devolver o grupo à Grécia", é a frase lacónica utilizada por um porta-voz da polícia da Macedónia, citado pela agência Reuters.
Esta segunda-feira, 14 de Março, mais de um milhar de requerentes de asilo que se encontrava num campo de acolhimento de refugiados no norte da Grécia ignorou o encerramento, decretado pela Macedónia, da fronteira com a Grécia e entrou ilegalmente naquele país. No entanto, o exército da Macedónia interrompeu o percurso daqueles migrantes.
Estes migrantes e refugiados haviam abandonado um campo de acolhimento cuja capacidade foi há já cerca de duas semanas largamente ultrapassada. Segundo o Guardian, cerca de 500 migrantes tentaram depois seguir o caminho trilhado pelo primeiro grupo. Sem sucesso aparente. As autoridades adiantaram ainda terem encontrado dois homens e uma mulher, mortos por afogamento, no rio Suva, utilizado pelos migrantes para contornar o principal ponto de passagem entre os dois países.
Nesta altura serão cerca de 12 mil os migrantes "presos" em Idomeni, num campo de acolhimento preparado pelas autoridades helénicas e cuja capacidade é de apenas cerca de 2 mil pessoas.
A Grécia, um país penalizado pela posição geográfica desfavorável e bastante vulnerável à chegada, por via marítima, da vaga migratória proveniente do Médio Oriente e de África, ficou clara e progressivamente penalizado à medida que vários Estados dos Balcãs e da Europa Central – nomeadamente o grupo de Visegrado – foram adoptando medidas de restrições à circulação e de encerramento fronteiriço.
Tudo ficou pior depois de também a Macedónia, na sequência de um encontro entre 10 países dos Balcãs promovido pela Áustria – e para o qual Atenas não foi convidada – ter limitado, primeiro, e encerrado, depois, a entrada de novos migrantes, que assim ficaram impedidos de rumar a norte para países como a Alemanha os Estados escandinavos.
A União Europeia (UE), que há duas semanas já demonstrou preocupação com o elevar da tensão entre a Grécia e a Macedónia, vai reunir-se na próxima quinta e sexta-feira com as autoridades turcas. Na agenda está a definição mais concreta das medidas acordada na última cimeira europeia, em que Bruxelas e Ancara acordaram que por cada migrante sírio ilegal que esteja nas ilhas gregas, e que seja readmitido na Turquia, outro requerente de asilo sírio sírio ainda em solo turco será distribuído pelos Estados-membros da UE.
Foi esta a forma encontrada para concretizar o encerramento da Rota dos Balcãs, objectivo que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, dá já como atingido. Já a chanceler alemã, Angela Merkel, defende que o encerramento da Rota dos Balcãs não é a solução para as crises migratória e dos refugiados.