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Independentistas escolhem Artadi como alternativa a Puigdemont
Os partidos catalães do bloco soberanista estarão de acordo sobre o plano B a adoptar caso não seja possível levar adiante a investidura do presidente destituído da Catalunha. A deputada do JxCAT, Elsa Artadi, próxima de Puigdemont, parece reunir o consenso necessário dos independentistas.
Não há ainda fumo branco nas conversações entre os partidos independentistas da Catalunha quanto a uma solução para desbloquear a legislatura catalã. Contudo, os dois maiores partidos do bloco soberanista (Esquerda Republicana e Juntos pela Catalunha) terão chegado a acordo quando a um plano B a adoptar caso se confirme a impossibilidade de concretizar a investidura de Carles Puigdemont, que continua exilado na Bélgica.
A informação avançada esta quinta-feira, 8 de Fevereiro, pela rádio RAC1 refere que, nas últimas horas, as negociações entre o JxCAT e a ERC, que terão envolvido também a CUP (esquerda-radical independentista) permitiram obter avanços significativos, colocando estes partidos "muito próximos" de um compromisso para conferir apoio à investidura da deputada Elsa Artadi como presidente do governo catalão (Generalitat).
Em declarações feitas esta quinta-feira no parlamento catalão, Artadi não prestou esclarecimentos, limitando-se a garantir que "Puigdemont é o nosso candidato". Note-se que o presidente do parlamento catalão, Roger Torrent (ERC), quando suspendeu a sessão de investidura decidiu manter Puigdemont como candidato.
A parlamentar do JxCAT, tida como próxima do presidente deposto da Catalunha, seria então a candidata à investidura enquanto Carles Puigdemont presidiria a um (ainda não existente) Conselho da República, para o qual seria eleito em 18 de Fevereiro e que lideraria a partir do exílio.
No entanto, o catalão La Vanguardia escreve que do lado da ERC persistem reticências quanto ao caminho proposto por Puigdemont. Já a CUP permanece em silêncio.
Apesar da informação avançada pela RAC1, oficialmente não há qualquer tipo de confirmação, pelo contrário. O porta-voz da ERC, Sergi Sabrià, afirmou hoje em entrevista à TV3 que "Puigdemont é o único candidato em cima da mesa para a ERC". Sabrià frisou ainda que as forças independentistas continuam a tentar encontrar uma forma de "legitimar" a candidatura de Puigdemont.
Mas tendo em conta a suspensão sine die da sessão de investidura decidida pelo presidente do parlamento catalão - uma decisão que deixou em suspenso a legislatura da Generalitat e que mantém o governo de Madrid sob o comando dos destinos da Catalunha -, Sergi Sabrià reconhece que é necessário colocar "nomes alternativos" na cogitação. A ERC, incluindo o líder do partido e ex-vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, que permanece detido, já disseram publicamente que o soberanismo não pode ficar refém da vontade de Puigdemont, e do JxCAT, que insistem no nome do presidente destituído da Catalunha.
Este porta-voz da ERC disse ainda que para o seu partido está fora de questão prolongar a situação de indefinição durante dois meses, pelo que é necessário ter uma carta na manga para superar o eventual prolongamento do actual impasse. Findos os dois meses após a realização de um primeiro debate de investidura, se a Generalitat continuar sem presidente são convocadas novas eleições antecipadas.
Puigdemont seria presidente na sombra de Artadi
Apesar de o bloco soberanista (JxCAT, ERC e CUP) e o presidente do "parlament" manterem Puigdemont como único candidato à liderança da Generalitat, o facto de o presidente deposto continuar sem se colocar à disposição da Justiça espanhola, que o acusa dos crimes de rebelião, sedição e peculato, torna praticamente impossível a sua investidura.
Isto porque o Tribunal Constitucional espanhol sustenta que a investidura tem carácter presencial obrigatório, o que deixa Puigdemont de mãos atadas porque sabe que se entrar em Espanha será de imediato detido. Puigdemont acredita que, sendo eleito presidente de um Conselho da República, poderia governar a Catalunha a partir de Bruxelas. Ou seja, Artadi seria formalmente a presidente da Generalitat, sendo Puigdemont o líder de facto.
Segundo o La Vanguardia, para criar aquele órgão inexistente o "parlament" teria de aprovar uma resolução com vista ao "reconhecimento restitutivo" de Puigdemont com líder. Esta resolução não poderia ser revestida de validade jurídica para impedir a intenção do Constitucional.