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Governo catalão assevera que haverá referendo e dá a conhecer urnas de voto

O governo autonómico da Catalunha afiançou que no domingo será mesmo realizado o referendo independentista já chumbado pelo Constitucional espanhol. Madrid continua a agir com o objectivo de impedir a realização da consulta popular.

Reuters
29 de Setembro de 2017 às 13:29
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Para desfazer quaisquer dúvidas sobre se o referendo independentista vai ou não realizar-se, o governo autonómico da Catalunha (Generalitat) afiançou esta sexta-feira, 29 de Setembro, que a consulta popular terá mesmo lugar no próximo domingo, 1 de Outubro (1-O).

 

Numa conferência de imprensa, realizada esta manhã e em que participaram o vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras (ERC), e ainda os responsáveis do governo catalão pelas relações institucionais e pelo território, Raül Romeva e Jordi Turull, respectivamente, estes dirigentes garantiram que no domingo "vai-se votar".

 

Os três responsáveis pela Generalitat confirmaram que "pese embora alguns queiram estejam a tentar encerrar as assembleias de voto", a votação decorrerá entre as 09:00 e as 20:00 locais. O voto poderá ser exercido num dos 2.315 colégios eleitorais previstos e que se repartem por 6.249 mesas de voto.

 

Porém haverá alguns constrangimentos. Serão menos cerca de 400 colégios eleitorais do que o habitual, com o exercício de voto a ter de ser acreditado por um grupo de cidadãos já que a comissão eleitoral foi dissolvida na sequência das ameaças de pesadas coimas feitas pelo Tribunal Constitucional, que já declarou que a consulta popular é "ilegal".

 

Para tentar afastar preocupações em relação à idoneidade das pessoas que serão responsáveis pelo escrutínio, a Generalitat assegura que se trata de cidadãos sobre os quais não recaem dúvidas relativamente à sua "credibilidade profissional, académica ou pessoal". A identidade deste grupo de pessoas não foi revelada "para evitar que sejam vítimas da repressão do Estado [central]". Foram ainda mostradas as urnas de voto (em plástico e com o símbolo da Generalitat).

 


Declaração de independência em 48 horas após vitória do "sim"

 

Tem sido falada com insistência a possibilidade de o governo autonómico catalão declarar unilateralmente a independência caso vença o "sim" no referendo de domingo. A CUP (força radical herdeira do anarquismo catalão, que apoia no Parlament a governo actual) já havia declarado essa intenção a concretizar 48 após o referendo.

 

Depois de ao longo da semana outros dirigentes da Generalitat terem também falado nesta possibilidade, esta manhã foi a vez de Romeva (independente que em 2015 encabeçou a lista da aliança soberanista Juntos pelo Sim que concorreu às eleições catalãs antecipadas) assumir a intenção de, 48 horas depois da publicação dos resultados oficiais da consulta, o Parlament da Generalitat aprovar uma declaração unilateral a independência face ao reino de Espanha.

 

Já se vencer o "não", Romeva assegura que as forças soberanistas assumirão a responsabilidade do resultado pedindo a demissão e convocando novas eleições regionais. Certo é que para os dirigentes catalães "já não existe uma terceira via". Ou seja, ou há ruptura ou o actual governo demite-se e fica tudo como até aqui, sustenta.

 

Raül Romeva esteve também esta manhã reunido com representantes da União Europeia, organização que já avisou que não aceitará uma Catalunha independente como Estado-membro da aliança europeia. Para o responsável pelas relações internacionais da Generalitat, "a UE é um clube de estados mas isso não significa que não possa evoluir".

 

Uma vez mais na Catalunha assiste-se a diversas manifestações favoráveis ao direito do povo catalão se poder pronunciar sobre o seu futuro. Face à ameaça de Madrid impedir, com recurso às forças de segurança, a realização da consulta popular, os manifestantes exigem que "não suspendam a nossa democracia".

Governo de Rajoy mantém que referendo não vai acontecer

 

Já depois da conferência de imprensa da Generalitat, terminou o Conselho de Ministros do governo chefiado por Mariano Rajoy. A posição de Madrid mantém-se a mesma: está aberta ao diálogo com as instituições catalãs, sendo que o limite desse diálogo é o limite da lei; e a convicção de que o referendo não terá lugar.

 

Questionado pelos jornalistas sobre se, tal como em 9 de Novembro (9-N) de 2014, o referendo acabará por ter lugar apesar do impedimento decretado pelas autoridades centrais, o ministro da Educação, Méndez de Vigo, respondeu que "os antecedentes não contam".

 

"O que conta é o que vai e o que não vai acontecer. No dia 1 de Outubro não haverá nenhum referendo na Catalunha", atirou.

 

Já esta sexta-feira, as autoridades aprovaram uma resolução que fecha o espaço aéreo, na zona de Barcelona, a avionetas e helicópteros, entre hoje e segunda-feira, isto para que não existam imagens aéreas das previsíveis manifestações e prováveis confrontos entre manifestantes e as autoridades que têm indicações de Madrid para evitar o referendo.

 

(Notícia actualizada às 13:41)

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