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Divisões no banco central russo sobre estímulos à economia
A governadora do banco central da Rússia e o responsável pela política monetária têm perspectivas diferentes sobre apoios à retoma. Os mais recentes dados do Fundo Monetário Internacional indicam que a economia russa pode cair 3,4% este ano.
Com a economia em recessão, o prolongamento da crise na Ucrânia, o preço do petróleo baixo e a moeda em mínimos de vários meses contra o dólar, o banco central russo debate a melhor forma de apoiar a economia e as divergências surgem ao mais alto nível, conta a agência Bloomberg.
Em confronto estão duas perspectivas: de um lado a da governadora Elvira Nabiullina (na foto), liberal e defensora de mecanismos de mercado; do outro Dmitry Tulin, o novo homem forte da política monetária, que defende um banco central mais interventivo.
Tulin, que nos anos 90 passou pelo banco central e orquestrou uma política de estímulos que acabou em hiper-inflação sem crescimento relevante, está de volta, defendendo não uma política monetária tão agressiva como a de há 20 anos, mas ainda assim, propondo um papel mais activo para o banco central.
Segundo a agência noticiosa, Tulin tem defendido em reuniões internas um programa de crédito barato para indústrias específicas, incluindo cultivo de cereais e extracção de ouro. "Se o nosso sistema financeiro não se volta para a produção real, o nosso país não terá um futuro", afirmou numa entrevista em Abril. O responsável admite também intervenções no mercado cambial que suportem o valor do rublo, incluindo a imposição de controlos de capitais.
Já Elvira Nabiullina não acredita neste tipo de intervencionismo, conta a agência noticiosa. A governadora opõe-se aos controlos de capitais por considerar que terão mais efeitos negativos do que positivos, e não acredita em favorecimento de sectores. Não está sozinha. "É uma ilusão pensar que vamos dar a toda a gente empréstimos baratos e a economia vai crescer", afirma Sergey Dubinin, que liderou o banco central nos anos 90 após Tulin ter deixado o cargo de vice-governador em 1994: "Tivemos essa experiência em 1992 e 1993 e acabámos com uma inflação de 1000%".
O FMI espera uma recessão de 3,4% este ano, com um recuperação lenta da economia nos anos seguintes para um crescimento máximo de 1,5% no médio prazo. A inflação deverá ficar pelos 15,6%.